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porto velho, terça-feira 28 de outubro de 2025

PORTO VELHO - RO - A capital rondoniense vive uma verdadeira epidemia de golpes virtuais, e o problema é muito mais grave do que parece. Em entrevista ao programa A Voz do Povo, apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá na Rádio Caiari FM, o presidente da OAB/RO, Márcio Nogueira, fez um alerta contundente: os golpistas têm acesso a dados reais de processos que correm nos tribunais e os utilizam para enganar clientes e advogados.
Segundo Nogueira, o golpe é engenhoso e quase perfeito. Usando inteligência artificial e informações verdadeiras sobre ações judiciais, os criminosos clonam WhatsApp de advogados, produzem sentenças falsas com nomes de juízes e induzem as vítimas a entregar senhas, dados bancários e informações pessoais. “Não estamos lidando com amadores. Eles têm informações que deveriam estar protegidas pelos sistemas de Justiça. É preciso uma investigação séria para saber como esses dados estão sendo vazados”, cobrou o presidente.
A gravidade do problema é confirmada pela Delegacia Especializada, na avenida Duque de Caxias, que registra diariamente novas ocorrências. Advogados também figuram como vítimas, já que seus nomes, fotos e perfis são utilizados para dar credibilidade às fraudes. Recentemente, até a vice-presidente da OAB/RO, Vanessa Esber, foi alvo da quadrilha.
Nogueira relatou um caso emblemático: usando informações de um processo verdadeiro, os golpistas convenceram uma vítima de que ela teria ganho uma ação de mais de R$ 55 mil. Aos poucos, solicitaram dados bancários para o suposto depósito. Quando a vítima percebeu o golpe, já havia perdido cerca de R$ 12 mil.
Para o presidente da OAB, a situação exige reação imediata do sistema de Justiça. “Não basta apenas orientar a população. É necessário blindar os sistemas, proteger os dados e responsabilizar quem permite que essas informações fiquem vulneráveis. Do contrário, a confiança no próprio Judiciário estará em risco”, advertiu.
Ele reforçou o pedido para que cidadãos desconfiem de mensagens e confirmem pessoalmente qualquer informação recebida antes de repassar dados ou transferir valores. “Enquanto não houver uma ação firme para coibir os vazamentos e desarticular essa quadrilha, qualquer um de nós pode ser a próxima vítima”, concluiu.