PORTO VELHO - RO - O governo de Rondônia anunciou mudanças nos critérios de distribuição da verba publicitária oficial, afastando a ingerência política e prometendo mais transparência e equilíbrio na aplicação dos recursos.

No entanto, o que chama atenção é que, apesar da alteração de parâmetros, a agência que estaria envolvida no suposto favorecimento, hoje investigado, detém ainda o controle da verba de mídia e continua sendo a mesma, mantendo assim o poder decisório sobre quais veículos recebem e quanto recebem, sobre critérios hoje amplamente questionáveis.

A medida foi apresentada como modernização do sistema de comunicação institucional, com novos critérios de audiência, alcance e segmentação. Porém, nos bastidores, a crítica é que o governo poderia apenas estar “maquiado” o modelo anterior, sem promover a tão esperada descentralização e democratização da verba publicitária, afastando portanto o critério político que estaria sendo utilizado.

Empresários do setor de comunicação questionam se as mudanças terão efeito real. Para eles, a manutenção da mesma agência responsável pela gestão dos contratos pode resultar em mera continuidade da política atual, favorecendo os mesmos grupos e limitando o acesso de pequenos e médios veículos de imprensa.

Parlamentares e lideranças do setor pedem que o governo vá além do discurso de transparência e abra o processo de gestão da mídia para maior participação e fiscalização. “Não adianta mudar critérios no papel se o controle continua nas mesmas mãos. É preciso democratizar o acesso e dar oportunidade para todos os veículos que de fato têm audiência e alcance junto à população”, criticou um deputado ouvido pela reportagem.

A expectativa agora é que o Executivo detalhe, de forma clara, como serão aplicados os novos parâmetros e se haverá auditoria independente para garantir que a verba pública seja distribuída de maneira justa e sem favorecimentos como circulam denúncias em posse  do Ministério Público e da Polícia Federal.