PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta sexta-feira (19) recebeu o professor e pastor Aluízio Vidal, que falou sobre o momento de conflitos e tensões vividos pela sociedade em razão da atual realidade social e política brasileira.

Para Aluízio Vidal, é necessário que as pessoas entendam que não se pode justificar um ato descontrolado por conta do momento ou do temperamento; é preciso aprender o controle das próprias ações, mesmo com o abalo das emoções.

“O meu temperamento não pode justificar eu perder o meu controle, eu tenho que ter controle. Tem um ditado que diz que a gente não deve gastar vela com defunto ruim. Às vezes eu e meus amigos discutimos sobre política, mas, de perto, as diferenças diminuem”, afirmou Aluízio Vidal.

Ele também comentou sobre os atritos relacionados a embates religiosos, que acabam colocando em lados opostos pessoas que poderiam manter uma relação harmoniosa.

“Eu sou presbiteriano, aí vou lá e falo do católico, mas ali tem um ser humano igual, que tem família, tem uma história, e que nós devemos respeitar e entender essa igualdade mesmo entre tantas diferenças”, disse Aluízio Vidal.

A importância das relações também foi um dos temas abordados pelo pastor como algo fundamental.

“Nós somos seres em relações, aliás, nós somos as nossas relações. O próprio ambiente de trabalho pode desenvolver isso. Eu preciso compreender que não posso estar bem se estiver mal com o meu grupo; se eu não sou uma pessoa que agrega, vou precisar de ajuda”, comentou Aluízio Vidal.

Sobre a disputa cotidiana entre os cidadãos nas relações do dia a dia, o professor destacou a necessidade de criarmos pontes.

“A concorrência faz parte da vida, mas a educação está exatamente em diminuí-la. O que faz um país ser respeitado é a capacidade das relações, das diferenças. Precisamos fazer um trabalho para reduzir essas disputas; eu tenho que aprender a criar pontes, entendendo que as disputas fazem parte, agora, com a educação sendo uma prioridade”, argumentou Aluízio Vidal.

Sobre sua perspectiva para um fim dos confrontos por conta de política e ideologias distintas, Vidal acredita que tudo isso vai passar, mas que os ânimos ainda vão se acirrar antes disso.

“Essa divisão vai diminuir, mas ainda vai passar por um acirramento. O que acontece nos EUA é uma coisa a se pensar. O rapaz assassinado no exercício democrático foi algo sem explicação; ninguém tem direito de matar o outro por conta de sua posição política. Isso mesmo com o nível de cultura dos EUA; agora imaginem no Brasil”, relatou.

A origem do ódio também foi abordada pelo pastor.

“Ódio se aprende, se ensina. Dentro de casa você pode ver que pais violentos geram filhos violentos. Temos uma sociedade que alimenta violência: eu preciso acabar com você porque não tenho capacidade de discutir com você”, destacou Aluízio Vidal.

Considerada um grande mal da atual geração, a ansiedade também foi tema da entrevista.

“A ansiedade acontece em pessoas que têm uma predisposição. Qualquer situação que me ameaça, a tendência é ter uma reação. Essa sociedade violenta, acusadora, tem alimentado o grau da ansiedade. Estamos vivendo com excesso de informações. Quem é ansioso, quem está vivendo esse sofrimento pode começar a desconectar de tudo”, argumentou Vidal.

Para ele, sem o perdão não será possível melhorar os rumos atuais da sociedade brasileira.

“Não é possível viver em sociedade sem a capacidade de perdão. Eu gosto da palavra misericórdia, que é quando a miséria de um toca o coração do outro. Eu não sou apenas alvo da misericórdia, tenho que ser um agente dela. A Bíblia tem uma definição interessante que diz ‘Irai-vos, mas não pequeis’. É natural que tenhamos revolta, mas se eu não for capaz de medir a reação, vou acabar cometendo um pecado através de uma reação destemperada”, disse.

Por fim, ele relatou sobre a importância de valorizar a família e os amigos acima de tudo.

“Onde está o teu tesouro, ali está o teu coração. Algumas pessoas estão tirando o coração da família para colocar na política, brigando por pessoas que não sabem nem quem são eles. Família e amizade representam a essência do ser humano. É hora de fazermos o resgate de olhar a importância da nossa família, dos nossos amigos, e entender que essas coisas estão acima de tudo”, finalizou Aluízio Vidal.

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