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    porto velho, sábado 18 de maio de 2024

Comunidades do Baixo Madeira sofrem com falta de energia e água potável

Em localidades como Nova Esperança, também conhecida como Terra Firme, Ressaca, Ilha Nova e Firmeza, que ficam próximas ao núcleo urbano do distrito de Calama...


minhapvh

Publicada em: 30/06/2021 09:30:53 - Atualizado

PORTO VELHO-RO: Dramas que se arrastam por décadas e décadas, de geração em geração, deixam ainda mais dura e sofrida a vida de muitas famílias ribeirinhas que moram em comunidades tradicionais às margens do Rio Madeira, em Porto Velho.

Em localidades como Nova Esperança, também conhecida como Terra Firme, Ressaca, Ilha Nova e Firmeza, que ficam próximas ao núcleo urbano do distrito de Calama, cerca de 150 km da capital de Rondônia, chegando na divisa com o Amazonas, falta o básico para uma vida digna, como energia elétrica e água potável. Internet, então, nem se fala.

A luta por energia elétrica de qualidade já dura 12 anos, segundo informa a presidente da Associação de Produtores e Produtoras Rurais e Extrativista de Nova Esperança (Terra Firme) – ASPRESE, Maria de Fátima Batista dos Santos.

Em 2009, ela protocolou junto a antiga Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) o projeto Elétrico de Rede Rural do Programa Luz para Todos (contrato/Ceron/DT/083/2009) que atenderia cerca de 150 famílias que moram em Terra Firme e Ressaca.

À época fizeram muito barulho e muitas promessas de que em pouco tempo tudo seria resolvido, e que finalmente a energia elétrica chegaria para beneficiar aquelas comunidades carentes, porém, mais de uma década se passou e até agora a promessa não foi cumprida. Tudo não passou de um grande engodo.

Para não ficarem totalmente à escuras, utilizando apenas a velha lamparina a querosene, famílias trabalham duro para comprar pequenos geradores de energia elétrica, que geralmente funcionam das 18h às 21, pois os gastos com combustíveis são grande e não dá para utilizar a noite toda.

Outros, como é o caso da própria Maria de Fátima, utilizam (meio que de forma arcaica) placas solares, mas que também não são suficientes para suprir as necessidades.

“Não queremos muita coisa, apenas o básico para que tenhamos uma vida digna. Apelamos às nossas autoridades para que atentem para a nossa situação”, desabafa.

ÁGUA POTÁVEL

Com a água do Rio Madeira poluída e contaminada por mercúrio, devido a ação de garimpeiros, a luta dos ribeirinhos por água potável também é longa.

Em 2020, por exemplo, a presidente da ASPRESE protocolou o ofício nº 020 na Prefeitura de Porto Velho; ofício nº 019 junto a Funasa (Fundação Nacional de Saúde); ofício nº 001 na Semagric (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento); ofício nº 003/2019 junto a Emater-RO; e ofício nº 029 de 13 de fevereiro de 2021, no gabinete do vice-prefeito de Porto Velho, Maurício Carvalho solicitando a escavação de um poço artesiano, mas essa demanda também ainda não foi atendida.

Em resposta, o Secretário-geral de Governo da Prefeitura, Basílio Leandro Pereira, informou que a Semagric ganhou uma perfuratriz (equipamento para perfurar poços artesianos) da Secretaria de Estado da Agricultura do Estado (Seagri), mas como o equipamento ainda não foi entregue, o Município fica impossibilitado de atender o pedido.

De acordo com Leandro Basílio, a empresa responsável pela montagem do equipamento alega que devido a falta de pessoal, por causa da pandemia da COVID-19, não tem como entregar a perfuratriz. Com isso, o sonho da água potável mais uma vez é adiado.

“Esse poço é de grande importância para nós, pois além de atender os moradores de Terra Firme, poderá abastecer as famílias que moram nas outras comunidades, que muitas vezes precisam comprar água mineral em Calama, tendo um gasto a mais com combustível, além da perda de um dia de trabalho”, afirma Maria de Fátima.

Quem não tem condições financeiras para comprar água ou quando não pode, o jeito é beber da água poluída do Rio Madeira, correndo o risco de contrair doenças.

Entretanto, para pegar o líquido precioso, é preciso fazer longas caminhadas com baldes ou latas na cabeça, e ainda subir enormes barrancos com escadas improvisadas de quase 100 degraus, como é o caso dos moradores de Terra Firme.

Os moradores dessas comunidades sobrevivem da pesca, da agricultura e do extrativismo. Com energia elétrica e água potável poderiam ter uma qualidade de vida melhor.


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