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    porto velho, domingo 24 de novembro de 2024

Crônica de Fim de Semana - Depois da dor, a vida será outra - Arimar Souza de Sá

No novo amanhecer que esperamos, será permitido repetir, à exaustão, todas conjugações dos verbos “unir” e “amar”...


Publicada em: 22/11/2020 10:38:02 - Atualizado

                                                            

                                                              CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

                                                         DEPOIS DA DOR, A VIDA SERÁ OUTRA

                                                                      Arimar Souza de Sá


Quando tudo isso passar, a vida certamente será outra. E, na próxima quarentena, estará decretada a análise mais profunda e a ressignificação definitiva da palavra ódio, que implica em desamor, destruição de valores, corrosão dos costumes, além de ser um veneno mortal para o coração.

No novo amanhecer que esperamos, será permitido repetir, à exaustão, todas conjugações dos verbos “unir” e “amar”, e também será hora revermos erros seculares cometidos ao longo da vida, para dar lugar ao abraço, ao beijo, ao perdão, à confraternização e a um período de conclamação da fé.

Portanto, abramos, desde logo, todas as janelas das nossas vidas e arejemos o palco iluminado para recebermos, como intérprete, O DEUS DA NOVA VIDA, muitas das vezes esquecido, mas que é maior que todas as mazelas que enfrentamos.

Pela dor, a Covid-19 trouxe a humanidade para a reflexão sobre o REAL, a verdade, e pôs a nu, no Brasil hoje estranhamente dividido, o desarranjo abissal da desigual estrutura de um Estado cartorário, comandado “democraticamente” por burocratas e construtores de leis efêmeras.

Nesse contexto sem Deus, vem sendo cruelmente explicitada a convivência compulsória do cidadão comum com uma “ Suprema Aristocracia” que se julga acima do bem e do mal.

De um lado, formada pelo Legislativo, Judiciário e Executivo, nos três pilares de gestão da sociedade – República, Município e Estado. E de outro, dos que vivem do suor do próprio rosto, aqueles que trabalham e produzem, no campo e nas fábricas, os recursos necessários para sustentar o País – contumazes pagadores de impostos, mais tarde irrigados para ralos da corrupção.

No meio dessa enxurrada de problemas estruturais, de clareza alabastrina, o ódio cíclico, a ganância atávica e a desonestidade dos homens, ainda prevalecem entre os que chegam e os que se vão, na corda bamba da ação política.

É em razão disto que hoje me declaro de luto, ante a esta guerra de vida e morte que se instalou na esteira desta moléstia, onde, em pleno reinado da dor da maioria, sobejam interesses enodoados, cujos efeitos refletem-se no leito dos que ainda estão respirando por aparelhos e nas famílias daqueles que não resistiram e já desembarcaram dessa guerra suja, miúda, perdendo a luta contra o fantasma do vírus chinês.

Meu Deus! Nunca ficamos assim, tão encolhidos e tão sofridos, carentes do amor de Cristo e da piedade do próximo. Por isso, não é hora de espanar com a vassoura o germe, para contaminar o trigo que ainda resta, porque o momento é de união e o foco é salvar vidas.

Estamos todos desarmados no campo de batalha, por isso, levantemos o nosso astral diante desse mal e lutemos, não deixemos que mente e coração se embotem, dando espaços às sanhas dos diabos que andam pelo mundo a perderem suas almas.

Ódio é sempre é pernicioso, e quando fervilha em nossa mente contra os nossos próprios irmãos, deixamos de ser nativos desta Pátria para sermos visitantes do absurdo, deixando para nossos filhos e netos uma herança de irracionalidade, sangue, suor e lágrimas e viramos bagaço.

Depois que tudo isso passar, é preciso que sanitizemos essas vozes sinistras do inconsciente coletivo, para podermos crestar com calor próprio do ser humano esses monstros ignóbeis impregnados de tarjas pretas que campeiam no imaginário empobrecido dessas plagas – e só produzem terror.

Deixemos, então, de lado, em respeito à dor da pandemia, esse culto ridículo ao ego, e à verborragia secular de esquerda e direita, que só trinca o espelho do País, já alhures desfalcado de políticas públicas que se mostrem capazes de encurtar a ponte entre pobres e ricos, a abundância e a escassez.

Nesse imbróglio, o pior é que, sem uma avaliação honesta e racional dos muitos e malditos interesses, misturamos religião, cor da pele, fome, economia, política partidária e na aflição, cada um a seu modo, vê o mundo de suas próprias circunstâncias, enquanto o interesse coletivo cruelmente se escoa pelo ralo da história dessas gestões.

A conciliação, creiam, depois de passada a agonia, é o único prêmio que Deus poderá nos dar como lição, para expulsarmos o ódio e a vindita nos espaços da República, antes que seja necessário derramar-se sangue e lágrimas nesta terra que, um dia, foi consagrada como a terra de Deus.

Enfim, que o Criador se apiede dos sobreviventes desse ciclo, porque as ambulâncias estão cheias e em alta velocidade, os hospitais superlotados, não há mais leitos, e o monstro avança com voracidade de quem juntou a fome com vontade comer.

Cuidemos.

AMÉM!

O autor é jornalista e advogado. email: arimardesa@hotmail.com


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