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    porto velho, domingo 24 de novembro de 2024

Saúde de Rondônia à espera de um final feliz! - Dr. Hiran Gallo

Diretor-Tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), Doutor e pós-doutor em bioética


REDAÇÃO

Publicada em: 08/12/2020 15:11:21 - Atualizado


RONDÔNIA - Nos últimos dias, um filme triste passou pela minha cabeça. Para quem morava em Rondônia, o enredo não era novo, mas para o restante do Brasil foi uma surpresa conhecer o drama de milhares de pacientes atendidos pelo Hospital João Paulo II, em Porto Velho. Há nove anos, a história dessas pessoas e as dificuldades dos médicos e de outros profissionais da saúde para lhes garantirem bom atendimento ganhou destaque no Jornal Nacional.

Na época, o repórter Hélter Duarte mostrou seu espanto diante das péssimas condições que encontrou em rede nacional. Corredores lotados, macas improvisadas, pacientes recebendo soro na veia na sala de espera da unidade. Será que houve mudança neste cenário caótico desde então?

Ouso dizer que, apesar das recorrentes denúncias estampadas nas manchetes dos jornais e mesmo dos questionamentos feitos por instâncias como o Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), uma crise de gestão ainda faz morada nessa unidade e em várias outras que atendem os rondonienses.

O último lance dessa história, que compromete o acesso da população à saúde no Estado, envolveu a suspensão do recolhimento de lixo hospitalar no Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron). Por questões de segurança sanitária, esse procedimento deve ocorrer de forma atenta às regras definidas pelas autoridades competentes.

Observar esses critérios, não é nada excessivo, mas mandatório para proteger a comunidade dos riscos de contaminação pelo contato inadequado com os dejetos. Infelizmente, a coisa certa não vinha sendo feita no Cemetron e nem no Hospital de Base, no Cosme e Damião e no nosso velho conhecido, o João Paulo II.

Se nestes três últimos estabelecimentos não havia relatos contundentes de falhas na coleta de lixo, por outro sobram queixas de falta de insumos básicos, como bisturis e esparadrapos, o que teria levado à suspensão de cirurgias. Como testemunha ocular dessa crise que parece não ter fim, expresso minha solidariedade aos cidadãos e às equipes que se mantém ativas, independentemente de tantos problemas.

Em Rondônia, a saúde pública está longe de ser vista como uma prioridade, governo após governo. Nesse caso, acredito que recursos existam, mas não têm sido destinados da forma idônea que se espera. Basta acompanhar o noticiário, que repetidamente aponta denúncias de desvios e irregularidades.

Vamos mudar esse enredo? Vamos contar essa história de um jeito diferente e fugir de desfechos tão decepcionantes? É possível fazer isso, não tenho dúvidas.

Para tanto, basta que todos façam sua parte: a população deve continuar a cobrar pelos seus direitos constitucionais; os órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público, precisam exigir soluções para os problemas apontados; e os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), como os secretários de estado, devem assumir o cuidado da assistência aos cidadãos como tratam daquele de suas famílias: com zelo e responsabilidade. Esse seria o melhor final para esse filme antigo!


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