Fundado em 11/10/2001
porto velho, quinta-feira 16 de outubro de 2025
Ao invés de poupar William Bonner de qualquer polêmica desnecessária a duas semanas da saída dele do ‘JN’, a Globo o expôs a críticas (cabíveis) de colegas de jornalismo e incontáveis anônimos na internet.
A tentativa de fazer piada debochando a audiência da Fórmula 1 na Band (leia detalhes no post em destaque), no evento Upfront 2026, foi duramente criticada nas redes sociais, gerou manchetes negativas na imprensa e irritou jornalistas ligados à emissora do Morumbi, a exemplo de Neto e Teo José.
Curiosamente, foi na Band onde Bonner começou a carreira na TV, quando nem tinha o registro profissional para trabalhar diante das câmeras. Foi a visibilidade no canal que o levou a ser contratado pela Globo, onde construiu a mais bem-sucedida carreira do telejornalismo brasileiro.
O roteirista que usou o apresentador para menosprezar os cinco anos de F1 na concorrente talvez desconheça que a família Marinho, dona da Globo, sempre cultivou excelente relação com a família Saad, proprietária da Band.
Esta polêmica evitável tira um pouco do brilho das homenagens a Bonner em sua despedida do ‘JN’ após 39 anos. O âncora não era tão atacado desde as ondas de ódio de bolsonaristas no auge da pandemia.
A Globo tem o direito de valorizar a liderança no Ibope. Está no topo do ranking por méritos inquestionáveis. Mas, ao espezinhar outras emissoras (especialmente a Band, chamada de ‘coirmã’), suscita a imagem de arrogante e desrespeitosa.
Pode explicitar os números positivos de seus programas sem depreciar o trabalho de centenas de pessoas no vídeo e nos bastidores.
Ao invés de ganhar pontos com o mercado publicitário, a emissora conseguiu ouriçar a antipatia de parcela numerosa do público. E fez de Bonner o bode expiatório da vez, justamente no momento em que ele deveria receber apenas aplausos pelos relevantes serviços prestados no comando do ‘Jornal Nacional’.