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porto velho, quinta-feira 31 de julho de 2025
BRASIL - Um caso chocante de violência doméstica abalou a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, no último sábado (26), quando Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, agrediu brutalmente sua ex-namorada, Juliana Garcia dos Santos Soares, de 35 anos, dentro do elevador do condomínio Sun Golden, na Zona Sul da capital potiguar.
As imagens captadas pelas câmeras de segurança do prédio, que mostram Igor desferindo 61 socos contra Juliana, chocaram a população e geraram uma onda de revolta nas redes sociais.
A vítima, que saiu do elevador com o rosto desfigurado e ensanguentado, precisará passar por uma cirurgia de reconstrução da mandíbula devido à gravidade dos ferimentos.
O agressor, preso em flagrante, alegou em depoimento à polícia ter sofrido um “surto claustrofóbico” e se declarou autista, mas será indiciado por tentativa de feminicídio.
O crime que chocou Natal
O ataque ocorreu na noite de sábado, dentro do elevador do condomínio onde o casal residia.
As imagens das câmeras de segurança, amplamente divulgadas, mostram Igor Cabral agredindo Juliana com extrema violência, enquanto ela tentava se defender.
Segundo relato da vítima à polícia, durante a agressão, Igor gritava que ela “ia morrer”. “Ele disse que eu ia morrer e começou a me bater sem parar”, relatou Juliana, em depoimento que reforça a gravidade do caso e a intenção do agressor, configurando tentativa de feminicídio.
A ação criminosa só foi interrompida graças à intervenção do porteiro do edifício, que, ao perceber a situação, acionou a Polícia Militar. Vizinhos também prestaram socorro à vítima, que foi levada ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde permanece internada.
Os ferimentos sofridos por Juliana são considerados graves, com danos extensos ao rosto, incluindo fraturas na mandíbula que exigirão uma complexa cirurgia de reconstrução. A alegação do agressor Preso em flagrante no local, Igor Cabral foi conduzido à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Natal.
Em seu depoimento, ele tentou justificar o ato alegando ter sofrido um “surto claustrofóbico” no momento da agressão, atribuindo o comportamento ao confinamento do elevador. Além disso, o agressor declarou ser autista, informação que ainda não foi confirmada por laudos médicos ou periciais no contexto da investigação.
A Polícia Civil, que segue apurando o caso, considera as alegações insuficientes para justificar a violência extrema. Após audiência de custódia, a prisão em flagrante de Igor foi convertida em preventiva, e ele permanece detido enquanto as investigações prosseguem.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte já sinalizou que o caso será tratado com rigor, considerando o indiciamento por tentativa de feminicídio, crime hediondo previsto no Código Penal Brasileiro e agravado pelo contexto de violência de gênero.
Ciúme como estopim De acordo com informações publicadas pela Folha de São Paulo, o motivo da agressão teria sido uma discussão motivada por ciúmes. Juliana, que trabalha como promotora de vendas, relatou que Igor ficou transtornado ao ver mensagens no celular dela, nas quais ela conversava com um amigo dele, sem qualquer conotação amorosa ou imprópria.
O relacionamento de dois anos, marcado por “muitas idas e vindas”, já apresentava episódios de comportamento agressivo por parte de Igor, segundo a vítima. “Ele já tinha atitudes agressivas antes, mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto”, disse Juliana em seu depoimento, reforçando que a violência não foi um fato isolado, mas sim o ápice de um histórico de comportamentos abusivos.
Esse relato reforça a importância de identificar sinais de violência doméstica em relacionamentos, um problema que, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, atinge milhares de mulheres anualmente no Brasil.
Quem é Igor Cabral?
Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, é conhecido no cenário esportivo como atleta profissional de basquete 3×3. Ele integrou a seleção brasileira da modalidade e participou de competições internacionais, incluindo campeonatos mundiais e eventos ligados aos Jogos Olímpicos. Seu nome também consta em registros da Liga Nacional de Basquete (LNB).
Após a repercussão do caso, Igor desativou suas contas nas redes sociais, numa tentativa de evitar o escrutínio público.
No entanto, a gravidade do crime e a divulgação das imagens do ataque tornaram o caso uma das principais pautas de discussão no Rio Grande do Norte e no Brasil. Repercussão e clamor por justiça
Com o rosto completamente deformado, mandíbula fraturada e múltiplas lesões na face, Juliana está internada e não consegue falar. Mesmo assim, conseguiu se comunicar com os policiais por meio de bilhetes escritos à mão.
As imagens do crime, amplamente compartilhadas em redes sociais e veículos de imprensa, geraram uma onda de indignação. Textos inflamados e mensagens de apoio à vítima inundaram plataformas como o X, com hashtags pedindo justiça para Juliana e o fim da violência contra a mulher.
O caso reacendeu o debate sobre o feminicídio e a impunidade em crimes de violência doméstica no Brasil, onde, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, mais de 1.400 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2023.
Organizações de defesa dos direitos das mulheres, como o Movimento Mulheres em Luta (RN), emitiram notas de repúdio, exigindo que o caso de Juliana não se torne “mais um número” na estatística de violência de gênero. “Precisamos de justiça para Juliana e para todas as mulheres que sofrem com a violência machista.
Casos como esse mostram que a luta contra o feminicídio é urgente”, declarou a ativista Maria Silva, em entrevista a um portal local. O impacto na vítima Juliana Garcia dos Santos Soares, de 35 anos, enfrenta agora um longo processo de recuperação física e emocional.
A cirurgia de reconstrução da mandíbula, necessária para reparar os danos causados pelos 61 socos, é apenas o primeiro passo em sua jornada.
Além das sequelas físicas, a vítima também terá que lidar com o trauma psicológico de uma agressão tão brutal, perpetrada por alguém em quem confiava. Psicólogos e assistentes sociais do hospital onde Juliana está internada já estão acompanhando o caso, oferecendo suporte à vítima e à sua família.