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porto velho, domingo 10 de novembro de 2024
MUNDO - Mais de 5.000 crianças morreram no Iêmen desde que o conflito civil no país se agravou, em março de 2015, com a intervenção de uma coalizão árabe, revelou um relatório publicado nesta terça-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo o mesmo estudo, intitulado “Nascidos na guerra”, quase todos os menores de idade do país, 11 milhões, precisam de ajuda humanitária para sobreviver.
O relatório explica ainda que mais da metade das crianças do país não tem acesso a água potável nem a saneamento adequado. Além disso, 1,8 milhão de crianças estão desnutridas, incluindo 400.000 que sofrem de desnutrição severa aguda e que, literalmente, lutam diariamente para sobreviver.
A porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Bettina Luescher, indicou que no país há 17,8 milhões de pessoas que padecem de insegurança alimentar; 8,4 milhões com insegurança alimentar severa; 1,8 milhão menores de 5 anos desnutridos agudos e 1,1 milhão de mulheres grávidas com destruição aguda.
Durante esses quase três anos, 3 milhões de bebês nasceram no país. Quase 2 milhões de partos aconteceram nas próprias casas ou refúgios, a maioria deles sem nenhum atendimento médico, de acordo com a representante do Unicef no país, Meritxell Relano. Segundo ela, 30% das crianças nascem prematuras e 30% deles abaixo do peso. Além disso, 25% morrem ao nascer ou no primeiro mês de vida.
“Uma geração inteira no Iêmen só conhece a guerra. A desnutrição e a doença são generalizadas, já que os serviços básicos colapsaram. Os que sobrevivam terão que carregar feridas físicas e psicológicas do conflito para o resto dos seus dias”, denunciou ela.
Além dessa situação desesperada, existe a epidemia de cólera, que já afetou mais de 1 milhão de pessoas, sendo 25.000 com menos de 5 anos. Outro grave problema são os casamentos infantis como meio de sobrevivência. O Unicef calcula que três quartos das meninas se casam antes de completar 18 anos.
Meritxell informou também que a Unicef constatou a existência de pelo menos 2.000 meninos recrutados por diferentes grupos armados, o que representa um aumento de 27% entre novembro e dezembro de 2017.
Aproximadamente, 2 milhões de crianças não vão à escola, incluindo meio milhão que teve que abandonar as salas de aula quando o conflito piorou com a intervenção da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita para frear o avanço dos rebeldes houthis. No fim de 2017, 256 escolas estavam destruídas, 150 eram ocupadas por deslocados internos e 23 estavam com grupos armados.
O Unicef pediu que as partes em conflito, os que têm influência sobre elas e a comunidade internacional encontrem uma solução política que acabe com a violência. Enquanto isso não acontece, o organismo lembrou a obrigação de cumprir com as leis internacionais e permitir o pleno acesso da assistência humanitária a toda a população.
Em setembro de 2014, os rebeldes houthis (xiitas) derrubaram o presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, que fugiu para Riad. Em março de 2015, foi constituída uma aliança de países árabes e sunitas, lidera pela Arábia Saudita, para acabar com os houthis e restabelecer Hadi no poder.
Antes do conflito, o Iêmen já era o país mais pobre do Oriente Médio e um dos menos desenvolvidos do mundo, importava 80% de tudo o que consumia e dependia enormemente da assistência internacional.