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porto velho, quinta-feira 18 de setembro de 2025
BRASIL - Antonieli Nunes, de 32 anos; Rayane Ferreira Nascimento, de 30 anos; Laryssa Victória, 17 anos, elas são algumas das mulheres que morreram de forma violenta em Rondônia no ano passado. São os rostos e histórias por trás dos números, já que o estado teve um aumento de 75% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021.
Com isso, Rondônia se torna o segundo estado do país com maior índice de feminicídios, atrás apenas de Mato Grosso do Sul.
Taxas de feminicídio:
Os dados são do Monitor da Violência, feito pelo g1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
Feminicídio é um crime baseado no gênero, ocorre quando a mulher morre por ser mulher. Dados do Monitor da Violência também apontam que esse crime mata uma mulher a cada 6 horas no Brasil, sendo que 8 em cada 10 crimes são cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro da vítima.
De conchinha na cama, em uma festa, no meio da rua...
Antonieli Nunes Martins, de 32 anos, morreu após contar sobre a gravidez ao pai do bebê, Gabriel Henrique. Segundo depoimento do próprio acusado, ele e Antonieli estavam deitados de conchinha na cama quando começou a matar a vítima.
"Ela estava deitada no meu braço esquerdo, de costas pra mim, quando do nada dei um mata-leão, imobilizando-a também com as pernas. Ela se debateu e lutou contra a própria morte", relatou durante depoimento à polícia em fevereiro de 2022.
Gabriel também disse na época que só parou o mata-leão quando não sentia mais o próprio braço, "de tanto que havia apertado o pescoço" de Antonieli.
O corpo dela foi encontrado por parentes em cima da cama.
Era domingo, 24 de abril de 2022. Rayane Ferreira Nascimento estava em uma festa em Alta Floresta D'Oeste (RO) quando se recusou a dançar com José Paula Goveia, ex-companheiro. Inconformado, ele pegou a arma, que estava na cintura e disparou contra ela. Rayane morreu no local e outras três pessoas ficaram feridas após os tiros.
Durante as investigações, a polícia descobriu que ela já havia avisado à família que sofria ameaças do ex-companheiro. O g1 teve acesso a trechos de trocas de mensagens entre a vítima e a mãe, onde Rayane conta que queria paz.
As imagens abaixo mostram o desabafo da filha para a mãe. Segundo a vítima, o ex não aceitava o fim do relacionamento e teria dito que "nunca iria deixar ela para outro".
Laryssa Victória, de 17 anos, foi encontrada morta e enterrada em quintal da casa de suspeito, em Ouro Preto, em RO — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Laryssa Victoria, tinha apenas 17 anos. Ela queria ser advogada para "lutar pelo direito dos outros", segundo a família. Mas teve os sonhos interrompidos, em março de 2022, após ser espancada, estrangulada, perfurada mais de 20 vezes e enterrada em uma cova rasa em Ouro Preto do Oeste (RO).
Segundo a Polícia Civil, Ronaldo dos Santos Lira, um assistente social da cidade, confessou no interrogatório que matou Laryssa pelo "desejo de matar" que tinha desde a infância. Ele teria usado a bolsa da própria vítima para tentar um estrangulamento, depois a esfaqueou no pescoço e "assistiu ela sangrar".
A menina estava desaparecida há dois dias quando foi encontrada morta e enterrada.
O Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021, aponta levantamento feito pelo g1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. São 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres - uma a cada 6 horas, em média. Este número é o maior registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.
O levantamento revela que: