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porto velho, quinta-feira 18 de setembro de 2025
BRASIL - No mês de Conscientização da Prevenção contra o Câncer no Colo do Útero, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) alerta: caiu a procura pelo exame preventivo que pode detectar a doença ainda no começo, o papanicolau.
A situação ficou ainda mais grave durante a pandemia de Covid-19. Entre 2019 e 2021, cerca de 2 milhões de mulheres deixaram de procurar pelo exame: passou de 7 milhões em 2019 para 5,7 milhões em 2021.
"Nós temos um represamento de casos, de lesões precursoras e de câncer, ocasionado pelos efeitos da pandemia. A gente pode esperar, nos próximos anos, talvez um aumento no número de casos por conta desse represamento", ressalta a médica e pesquisadora da Divisão de Detecção Precoce do Inca, Flavia de Miranda Corrêa.
Segundo o levantamento mais recente feito pelo Inca, em 2021 somente cinco estados mantiveram a média de exames igual ou superior à que era feita antes da pandemia: Acre, Amapá, Roraima, Sergipe e Tocantins.
Já os estados com a maior queda na procura são:
O exame papanicolau também é conhecido como exame da lâmina e detecta alterações nas células do colo do útero.
“Ele é indolor, simples e rápido. Na atenção básica, nos postos de saúde, o exame é realizado pelas enfermeiras. Quando elas detectam alguma alteração, encaminham para um serviço secundário, de especialidade”, explica a ginecologista Ivi Gonçaves.
A indicação médica é para que o exame seja feito a partir dos 25 anos e em mulheres que já iniciaram a vida sexual. A demora na busca pelo tratamento da doença é uma das explicações para o país ter taxas de mortalidade tão altas. De acordo com pesquisadora do Inca, a média é de 17 mil novos casos por ano e, entre eles, 6 mil mortes.
A principal causa do câncer no colo do útero é uma infecção persistente por alguns tipos do vírus HPV, o papilomavírus humano. Contra esse vírus, existe a vacina que deve ser aplicada em meninos e meninas com idades de 9 a 14 anos.
Com 47 anos, Maria Ivete dos Santos, diagnosticada com câncer no colo do útero há seis meses, conta que não fazia exame preventivo há um tempo.
“Eu fiquei um bom tempo sem ir ao médico, porque não sentia dores e não via necessidade de ir ao médico me consultar”, revela.