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    porto velho, segunda-feira 31 de março de 2025

O Teatro em Porto Velho: História, Desafios e Resistência Cultural

Artigo do historiador João Herbety Peixoto dos Reis...


João Herbety Peixoto dos Reis

Publicada em: 27/03/2025 15:36:23 - Atualizado

Foto: Divulgação

PORTO VELHO, RO - Minha relação com o teatro teve início na adolescência, em Humaitá, Amazonas, quando participei de encenações escolares, incluindo o espetáculo Chapeuzinho Vermelho, e integrei o grupo teatral Poly, especializado em peças infantis e românticas juvenis. Ao chegar a Porto Velho, aprofundei meu contato com o teatro e sua história, incorporando essa linguagem artística às minhas aulas de História por meio de vestimentas temáticas para enriquecer a narrativa de eventos históricos.

Ao observar a história do teatro em Porto Velho, capital de Rondônia, percebi uma trajetória marcada por desafios e resistência cultural. Mesmo distante dos grandes centros teatrais do Brasil, a cidade desenvolveu uma cena artística própria, impulsionada por grupos independentes, festivais e espaços culturais que promovem a dramaturgia regional e nacional.

O teatro na cidade começou a ganhar força a partir da segunda metade do século XX, impulsionado por artistas locais e iniciativas de grupos teatrais que buscavam trazer espetáculos para a população. Artistas como Poeta Mado, Ângela, Alejandro Bedotti, dentre outros artistas popular independentes que contribuem significativamente para a diversidade e riqueza cultural da região.

Ao longo dos anos, diversos grupos teatrais surgiram, fomentando o cenário cultural da cidade. Alguns dos destaques incluem:

• O Grupo O Imaginário, por exemplo, é uma das referências, promovendo espetáculos e oficinas que valorizam a cultura amazônica.

• O Festival Amazônico de Monólogos e Breves Cenas (FAM) e o Festival de Teatro de Rua de Porto Velho ajudam a difundir o teatro para públicos diversos.

• Suely Rodrigues: Com quase 30 anos de atuação na capital, Suely é dramaturga, diretora e atriz. Fundadora do grupo Raízes do Porto, ela também realiza trabalhos solo, notavelmente com sua personagem palhaça Teteia.

• Beradera Companhia de Teatro: Estabelecida em 2013, a companhia é formada pelo diretor, produtor e dramaturgo Rodrigo Vrech e por talentosos atores locais.

• Companhia Express Art: Desde 2018, esta companhia encanta plateias com espetáculos que mesclam dança e teatro, consolidando-se como referência artística em Porto Velho.

• Grupo Encena: Conhecido por produções como Pequeno Príncipe - O Musical, o grupo destaca-se por performances que combinam música e atuação, proporcionando experiências emocionantes ao público.

• Taberna das Artes: Oferece cursos de teatro na cidade, incentivando novos talentos a explorarem e desenvolverem suas habilidades cênicas.

• E destaco ainda um dos trabalhos teatrais mais impactante e inclusivo o espetáculo Bizarros. Projeto que promove a ressocialização de pessoas privadas de liberdade por meio da arte. O espetáculo é apresentado em unidades prisionais de Rondônia e em tetros, tendo como diretor Marcelo Felice.

Muitos destes espetáculos são voltados para a valorização da identidade amazônica, trazendo ao palco narrativas inspiradas nas lendas, nos povos tradicionais e na história da região. A dramaturgia local busca retratar os desafios enfrentados pelos ribeirinhos, indígenas e seringueiros, criando uma conexão entre arte e realidade social.

Um dos marcos históricos do teatro em Porto Velho foi a construção do Teatro Banzeiros, na Administração do prefeito Roberto Sobrinho e o Teatro Estadual Palácio das Artes Rondônia, que iniciou no governo de Valdir Raupp em 1998 e foi inaugurado 16 anos depois, em 2014, no governo de Confúcio Moura. Com uma estrutura moderna, o espaço tornou-se um ponto de referência para apresentações locais e nacionais, oferecendo um palco digno para as artes cênicas na região e é o maior teatro da Região Norte.

Apesar do crescimento da cena teatral, os artistas enfrentam dificuldades como a falta de incentivos financeiros, a escassez de espaços alternativos para ensaios e apresentações, e a necessidade de maior reconhecimento da arte como elemento essencial da cultura local.

Mesmo assim, o teatro em Porto Velho resiste e se reinventa, encontrando novos meios para se expressar. Projetos como apresentações em escolas, performances em espaços públicos e o uso de mídias digitais têm sido alternativas para manter viva a tradição teatral na cidade.

Com o apoio de políticas culturais do Governo Federal e a valorização da produção artística regional, Porto Velho tem o potencial de se tornar um polo teatral ainda mais vibrante, destacando a riqueza cultural amazônica através das artes cênicas.

Prof. Me. João Herbety Peixoto dos Reis Historiador


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