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    porto velho, sábado 16 de agosto de 2025

Na Voz do Povo, Amadeu Machado é celebrado como destemido pioneiro da terra rondoniense

Em tom de memória viva, Machado recordou sua chegada à Amazônia em 1973. Ainda jovem, com 25 anos, recém-formado em Direito em Porto Alegre...


Redação

Publicada em: 15/08/2025 18:35:34 - Atualizado

PORTO VELHO-RO: Apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo de sexta-feira, 15, levou ao ar uma entrevista histórica com o advogado Amadeu Machado, ex-presidente do Tribunal de Contas de Rondônia e ex-chefe da Casa Civil do Estado. A edição contou com audiência fantástica, marcada pela participação maciça de ouvintes e internautas, que exaltaram a postura firme do convidado e o reconheceram como um destemido pioneiro da construção de Rondônia.

Em tom de memória viva, Machado recordou sua chegada à Amazônia em 1973. Ainda jovem, com 25 anos, recém-formado em Direito em Porto Alegre, ele decidiu embarcar na aventura de integrar a equipe do INCRA após assistir a uma palestra do doutor Altir de Sousa Maia, então presidente nacional das Comissões de Discriminação de Terras Devolutas. Quinze dias depois, partiu rumo a Porto Velho acompanhado do amigo Ney Leal, desembarcando no território federal em 11 de novembro daquele ano, hospedando-se no tradicional Celto Hotel.

As primeiras impressões da nova terra foram marcantes. Porto Velho era uma cidade pequena, com pouquíssimo asfalto, contrastando fortemente com a metrópole de Porto Alegre. O que o fez permanecer não foi a estrutura, mas o calor humano. “A receptividade da população me encantou, e sigo encantado até hoje”, declarou. Casado e já pai de dois filhos, Gabriela, então com dois anos, e Amadeu Júnior, conhecido como Gumeg, ainda bebê de colo, ele viu a família crescer junto com o território.

Na entrevista, Machado destacou que sua vinda já ocorreu diretamente pelo INCRA. Atuou no projeto Ouro Preto, ao lado de figuras como Capitão Sílvio Farias, Assis Canuto, Eustáquio Godinho e Paulinho Brandão, responsáveis pela criação de cidades planejadas. Para ele, aquele trabalho foi decisivo: “O INCRA desenhou o que é Rondônia hoje. Esse agro pujante começou pelas nossas mãos.” enfatizou.

Entre os grandes desafios enfrentados, o advogado lembrou dos primeiros embates jurídicos em torno da transição do modelo extrativista, centrado nos seringais, para a agricultura familiar. Os projetos de colonização priorizavam áreas de até 100 hectares, o que gerou confronto direto com as imensas propriedades que chegavam a 200 mil hectares. Em sua trajetória, chegou a se deparar com títulos expedidos pelos estados do Amazonas e do Mato Grosso, além de registros topográficos feitos por Marechal Rondon durante a construção da linha telegráfica que chegou a Santo Antônio em 1912.

A década de 1970 também foi marcada pela chegada em massa de agricultores do Sul, expulsos pela mecanização das lavouras e pelas desapropriações decorrentes de grandes barragens, como Itaipu. Rondônia tornou-se destino dessa população dentro do programa federal “integrar para não entregar”. Para Machado, o Estado cumpriu o papel de acolher essas famílias. “Recursos não nos faltaram. O problema nunca foi dinheiro, mas gestão”, avaliou.

Ao comparar os tempos de ontem com os de hoje, fez críticas contundentes à lentidão da regularização fundiária. Recordou que nos anos 70 os técnicos do INCRA abriam picadas na mata, carregavam teodolitos pesados, cacaio nas costas, enfrentavam malária e, mesmo assim, conseguiam concluir processos de vistoria e titulação. Hoje, com drones e GPS disponíveis, considera que o entrave é  burocrático e de ideologia . “Não há mais dificuldade técnica. O que existe são barreiras burocráticas que travam o processo”, apontou.

A entrevista teve repercussão expressiva entre ouvintes e internautas, que destacaram a coragem e a firmeza de Amadeu Machado ao revisitar a história fundiária do Estado. Para muitos, sua trajetória simboliza o esforço pioneiro que ajudou a transformar Rondônia em referência agrícola e social. “O que me prendeu aqui foi o carinho da população de Porto Velho. Isso eu levo comigo para sempre”, concluiu.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:


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