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    porto velho, quinta-feira 13 de fevereiro de 2025

'Única forma da Venezuela controlar Essequibo seria militar, mas não é capaz disso', diz ex-embaixador

Em 1966, as partes se comprometeram a buscar uma solução prática e satisfatória para a controvérsia, por meio do chamado Acordo de Genebra.


G1

Publicada em: 09/12/2023 10:00:45 - Atualizado


MUNDO: As relações entre a Venezuela e a Guiana atingiram seu pior momento em décadas.

A antiga controvérsia entre os dois países pelo território chamado Essequibo – que a Venezuela afirma ter sido erroneamente tomado por uma sentença arbitral emitida em 1899 e, na verdade, representa dois terços do território da Guiana – provocou uma profunda crise entre os dois vizinhos.

Em 1966, as partes se comprometeram a buscar uma solução prática e satisfatória para a controvérsia, por meio do chamado Acordo de Genebra.

Mas, como o mecanismo amigável não permitiu que se chegasse a uma solução, mais de um quarto de século depois, a Guiana solicitou que o caso fosse levado para a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que emitirá uma decisão sobre a disputa.

Paralelamente, a Guiana começou a outorgar concessões de exploração de petróleo em águas não delimitadas, sobre as quais a Venezuela acredita ter direito.

'Única forma da Venezuela controlar Essequibo seria com ação militar, mas não é capaz disso', diz ex-embaixador da Venezuela na Guiana — Foto: EPA

No último dia 3 de dezembro, o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro realizou um referendo sobre Essequibo. E, após o anúncio dos resultados favoráveis, vem promovendo uma lei que permita a anexação do território à Venezuela.

Este anúncio causou preocupação na Guiana. O presidente do país, Irfaan Ali, declarou que suas forças de defesa se encontram em alerta total e em comunicação com o Comando Sul dos Estados Unidos.

Maduro também acusou a petrolífera norte-americana ExxonMobil, principal produtora de petróleo na Guiana, de financiar políticos da oposição venezuelana.

De fato, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ordenou a detenção de 14 pessoas (incluindo diversos políticos opositores) acusadas de traição à pátria por uma suposta "trama de financiamento e conspiração relacionada à ExxonMobil contra a Venezuela

A empresa norte-americana afirmou que a acusação é ridícula e sem fundamento. E diversos analistas defendem que as ações de Maduro em relação a Essequibo são parte de uma tentativa de enfraquecer a oposição venezuelana antes das eleições presidenciais do país, previstas para 2024.

Neste contexto, a BBC News Mundo – o serviço em espanhol da BBC – conversou com Sadio Garavini di Turno. Ele foi embaixador da Venezuela na capital da Guiana, Georgetown, entre 1980 e 1984.

Garavini se dedicou ao estudo do conflito territorial sobre Essequibo durante décadas, não só como diplomata, mas também como acadêmico.

O ex-embaixador é doutor em Ciência Política, professor universitário e autor de diversas publicações sobre a política externa da Venezuela e da Guiana. Confira a entrevista abaixo.


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