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    porto velho, quinta-feira 20 de fevereiro de 2025

Saiba quais as chances reais de Donald Trump ganhar a eleição e voltar à Casa Branca

À medida que primárias nos Estados Unidos avançam, aumenta a possibilidade de que a eleição presidencial de novembro seja novamente disputada por Joe Biden e Donald Trump.


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Publicada em: 02/02/2024 11:21:42 - Atualizado

FOTO TERRA


MUNDO: À medida que o calendário de votações prévias nos Estados Unidos avança, aumenta a possibilidade de que a eleição presidencial de novembro seja novamente disputada por Joe Biden e Donald Trump, em uma repetição do confronto de 2020.

Os candidatos oficiais só serão anunciados nas convenções nacionais dos partidos, no meio do ano.

Mas analistas e pesquisas de intenção de voto indicam que o presidente Biden não terá problemas para ser o escolhido do Partido Democrata.

Biden venceu a primeira disputa entre candidatos do seu partido, ao ganhar com folga a primária de New Hampshire. A próxima votação entre os democratas será no sábado (3/2) na primária da Carolina do Sul.

Por sua vez, o ex-presidente Trump é o favorito entre os republicanos, após vencer as duas primeiras prévias, em Iowa e New Hampshire, com ampla vantagem sobre seus adversários.

Analistas na imprensa americana salientam que Trump está em uma posição mais forte nessas primárias "do que qualquer outro republicano da era moderna".

Como mais de 70% dos delegados republicanos são distribuídos nas primárias e caucus realizados até o fim de março, é possível que Trump conquiste os 1.215 delegados necessários para a indicação bem antes do fim da temporada de prévias.

Esse cenário contrasta com 2022, quando Trump anunciou sua intenção de voltar à Casa Branca, após ter perdido o pleito de 2020 para Biden, e muitos duvidavam de suas chances.

Mas sua candidatura foi ganhando força, e a maioria dos rivais já abandonou a disputa na busca pela indicação do Partido Republicano.

Entre os principais concorrentes, a única que permanece é Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas.

Apesar de ter ficado muito atrás de Trump nas duas prévias até agora, Haley prometeu continuar na disputa, e seu próximo grande teste será a votação no Estado que governou, em 24 de fevereiro.

As pesquisas, no entanto, indicam que Trump deverá vencer na Carolina do Sul com mais de 30 pontos de vantagem.

Se Haley não tiver um bom desempenho em seu próprio Estado, analistas afirmam que deve aumentar a pressão para que ela abandone a disputa, o que deixaria Trump sem nenhum adversário com chance de vencê-lo.

Em uma eleição geral disputada por Trump e Biden, pesquisas recentes dão vantagem ao republicano, apesar de ser por uma margem pequena.

No caso de uma disputa entre Biden e Haley, o democrata teria 37%, e a republicana 38%.

A maioria dos americanos, porém, não gostaria de ver Biden e Trump disputando a Presidência novamente.

Em pesquisa da agência de notícias Reuters e do instituto Ipsos em janeiro, 67% disseram estar cansados dos mesmos candidatos.

Em um país em que o voto não é obrigatório, 18% dos eleitores dizem que provavelmente não vão comparecer às urnas se a eleição for entre Biden e Trump.

Apesar da aparente frustração com ambos os candidatos, a mesma pesquisa indica que Trump teria 40% dos votos, e Biden 34%.

Ainda é cedo na corrida pela Casa Branca, e pesquisas no momento devem ser interpretadas com cautela.

O sistema americano de votação também significa que um candidato pode perder no voto popular e ainda assim vencer as eleições, caso vença em Estados decisivos.

Mas há várias questões que poderão ser determinantes em novembro.

Entenda quais são os principais pontos que podem ajudar ou atrapalhar os planos de Trump de voltar à Presidência.

1. A idade de Biden e suas aparentes fragilidades
Uma das preocupações dos americanos é com a idade de Biden que, caso seja reeleito, terá 82 anos na posse, em janeiro de 2025.

Apesar de Trump, aos 77 anos, não ser muito mais jovem, o republicano tem tido mais sucesso em rejeitar especulações sobre sua capacidade de governar.

Na pesquisa Reuters/Ipsos de janeiro, 74% afirmaram que Biden é muito velho para governar, percentual bem acima dos 48% que disseram o mesmo sobre Trump.

Na mesma pesquisa, 70% disseram que Biden não deveria concorrer novamente, e 56% afirmaram o mesmo sobre Trump.

Outra pesquisa, conduzida em setembro passado pela rede CBS e pela empresa YouGov, revelou que somente 34% dos eleitores acham que Biden, se reeleito, completaria o segundo mandato. No caso de Trump, o percentual foi de 55%.

Segundo o instituto de pesquisas Pew Research Center, somente 33% dos americanos aprovam o desempenho de Biden como presidente, apenas 29% acham que ele tem a "mente afiada" e 24% o descrevem como "energético".

Sua aprovação está abaixo de 40% desde abril de 2022 e é ainda menor entre os mais jovens, ficando em 27% na faixa de 18 a 29 anos.

"Jovens tendem a ser menos propensos a votar em geral, e será difícil mobilizá-los", diz à BBC News Brasil o cientista político Hans Noel, professor da Universidade de Georgetown.

A campanha de Biden tem retratado a disputa presidencial como uma batalha pela democracia, ressaltando a turbulência do governo Trump e a recusa do republicano em aceitar a derrota em 2020.

Muitos apostam que o simples fato de Trump ser o adversário servirá para motivar a base democrata e alguns independentes a apoiar Biden.

Mas Trump e seus apoiadores têm chamado a atenção para supostas gafes de Biden, incluindo ocasiões em que o democrata parece tropeçar nas palavras ou fazer pronunciamentos confusos.

Essas fragilidades também preocupam muitos no Partido Democrata.

"Biden tem um apelo mais amplo que Trump, mas é um apelo fraco em várias fatias do eleitorado. Muitos preferem Biden, mas não entusiasticamente", diz à BBC News Brasil o especialista em Política e Relações Internacionais John Ciorciari, professor da Universidade de Michigan, citando jovens e eleitores mais progressistas entre esses grupos.

Biden também enfrenta falta de entusiasmo entre outros grupos de sua base de apoio.

Uma pesquisa New York Times/Siena do fim do ano passado indicava que 22% dos eleitores negros em seis dos Estados decisivos planejavam votar em Trump.

"Se todos os que preferem Biden votarem, ele poderá vencer a eleição. O problema é que muitos dos que o apoiam sem entusiasmo podem decidir ficar em casa", diz Ciorciari.

"Ao passo que a maioria dos que apoiam Trump são mais apegados a ele e mais propensos a votar."

2. O desempenho da economia
Economia e inflação são as principais preocupações de 34% dos eleitores americanos, segundo pesquisa feita em dezembro pelo jornal The New York Times e o Instituto Siena College, afiliado à universidade de mesmo nome.

Apesar de bons indicadores econômicos, há entre muitos a percepção de que a situação era melhor no governo Trump.

Sob o comando de Biden, a economia americana se recuperou da crise gerada pela pandemia e vem demonstrando força e surpreendendo analistas.

No ano passado, o país cresceu 2,5%, acima do avanço de 1,9% registrado em 2022.

A inflação parece estar sob controle, e o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que é o indicador preferido do Fed (o Banco Central do país), subiu 2,6% no acumulado do ano passado.

Mas esses dados positivos ainda não se traduziram em otimismo por parte dos eleitores, que continuam a enfrentar preços altos em itens como moradia e não veem os bons indicadores refletidos no bolso.

Segundo o Pew Research Center, apesar de melhorias recentes nas opiniões, os americanos hoje ainda estão "muito menos otimistas (em relação à economia) do que estavam entre 2018 e o início de 2020, durante a presidência de Trump e antes da pandemia".

Em janeiro de 2020, as condições econômicas eram consideradas boas ou excelentes por 57% dos americanos. Em janeiro deste ano, somente 28% tinham a mesma opinião.

Entre os 72% que atualmente consideram as condições econômicas apenas razoáveis ou ruins, as principais preocupações citadas foram inflação e alto custo de vida.

Esse descontentamento pode beneficiar Trump, que teve um mandato marcado por inflação em baixa.

"Uma questão importante é que a economia está melhorando, mas ainda não está no nível de expansão já visto algumas vezes antes", afirma Hans Noel, professor da Universidade de Georgetown.

"Você pode dizer que a recuperação dos Estados Unidos após a pandemia foi muito boa em comparação com o resto do mundo, mas a maioria dos eleitores não pensa desta maneira. Eles não sabem como é a economia do resto do mundo ou o quão melhor eles estão."

Mas Noel ressalta que é cedo para saber o impacto do desempenho econômico na eleição.

Segundo ele, à medida que a política americana se torna mais polarizada entre os partidos Democrata e Republicano, a conexão entre economia e eleições vem ficando mais fraca.

Mas ainda há um grupo de eleitores no meio que pode ser influenciado. Em uma votação apertada, eles podem ser decisivos.

Ciorciari acredita que, caso a economia permaneça forte até novembro, Biden terá vantagem.

Mas, caso haja algum imprevisto, como uma quebra no mercado imobiliário ou outro surto de inflação, isso prejudicaria o democrata.

"Alguns dos eleitores que planejam apoiar Biden podem decidir ficar em casa, e alguns dos indecisos podem resolver votar em Trump", avalia.

3. As dificuldades de Trump de ampliar seu eleitorado
Desde que surpreendeu o mundo político ao vencer as eleições de 2016, Trump é a figura dominante no Partido Republicano.

Neste ano, muitos dos adversários que criticavam o ex-presidente nas primárias abandonaram a corrida eleitoral e, agora, declaram apoio a ele.

No entanto, o domínio de Trump tem como alicerce uma base eleitoral extremamente fiel, mas limitada, e analistas sugerem que, para vencer em novembro, o ex-presidente precisa unificar seu partido e apelar para grupos fora de sua base mais fiel, como moderados ou eleitores com diploma universitário.

Muitos dos apoiadores de Nikki Haley dizem que não votariam em Trump.



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