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    porto velho, terça-feira 9 de setembro de 2025

Partido de Milei sofre derrota em eleição de Buenos Aires, vista como termômetro presidencial

Com 82% das urnas apuradas, a Fuerza Patria alcança 46,9%, enquanto a La Libertad Avanza, partido do presidente Javier Milei, soma 33,8%.


estadao

Publicada em: 08/09/2025 15:45:32 - Atualizado


MUNDO: Os primeiros resultados oficiais das eleições legislativas de domingo (07/09) na Província de Buenos Aires indicam vitória do peronismo de centro-esquerda, liderado pelo governador Axel Kicillof, que se consolida como principal figura da oposição e possível candidato à Presidência em 2027.

Com 82% das urnas apuradas, a Fuerza Patria alcança 46,9%, enquanto a La Libertad Avanza, partido do presidente Javier Milei, soma 33,8%.

O revés representa um duro golpe para Milei diante do peronismo-K, corrente ligada ao kirchnerismo e à ex-presidente Cristina Kirchner, que ele prometia retirar de vez da política argentina.

A eleição em Buenos Aires ocorreu apenas duas semanas após a eclosão de um escândalo envolvendo a irmã de Milei, Karina, no qual ela foi acusada de corrupção.

Os resultados

Segundo a imprensa argentina, o peronismo-K venceu em 6 das 8 seções eleitorais da província. Longe do sonho mileísta de pintar Buenos Aires "de violeta" (a cor de seu partido) — e também das previsões de pesquisas que projetavam no máximo uma vantagem apertada para a Fuerza Patria ou até um triunfo da LLA, o que levou Milei a falar em "empate técnico" — o mapa eleitoral deste domingo apareceu praticamente todo em celeste (cor dos peronistas).

A Fuerza Patria venceu com ampla margem na Terceira Seção — quase 54% a 28% — e também na Primeira, por mais de 10 pontos. Juntas, essas regiões concentram quase 10 milhões dos 14 milhões de eleitores habilitados (71%).

A sigla também levou a melhor na Quarta Seção — no noroeste da Província, após duas décadas —, na Segunda — igualmente de perfil rural — e na Oitava, que corresponde a La Plata, a capital provincial.

Já a Libertad Avanza, que incorporou um esvaziado PRO (partido do ex-presidente Mauricio Macri), conseguiu vitórias na Quinta — onde o prefeito de Mar del Plata, Guillermo Montenegro, voltou a superar a kirchnerista Fernanda Raverta — e na Sexta.

De olho nas eleições nacionais de 26 de outubro, que renovarão metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, o resultado obriga o governo de Milei a repensar sua estratégia. O calendário, no entanto, limita as opções: restam apenas 50 dias até o pleito, e as alianças e listas já foram oficializadas.

A reação de Milei e Kirchner

Ao admitir a derrota, Milei voltou a defender suas políticas liberais. "O rumo não vai mudar, será redobrado", declarou o presidente, em discurso na sede provincial de sua coalizão.

"O que precisa ficar claro é que, sem nenhuma dúvida, no plano político tivemos uma derrota. Se quisermos seguir em frente, é preciso aceitar os resultados. Sofremos um revés e é preciso assumi-lo", afirmou. "Isso nos levará a uma autocrítica profunda, na qual corrigiremos os erros que cometemos. Não há opção de repetir os mesmos erros. Nós os corrigiremos", completou.

Já a ex-presidente Cristina Kirchner, em prisão domiciliar, apareceu na sacada de seu apartamento na Recoleta para saudar apoiadores e também celebrou o resultado em uma rede social.

"Viu, Milei? Banalizar o 'Nunca Mais', que representa o período mais negro e trágico da história argentina, não é grátis. Rir da morte e da dor de seus oponentes, tampouco. Mas apontar o dedo e estigmatizar pessoas com deficiência, enquanto sua irmã cobra 3% de propina de seus medicamentos, é letal", escreveu Cristina, fazendo referência às acusações contra Karina Milei.


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