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porto velho, sábado 18 de janeiro de 2025
Se há três anos vibrou com uma apresentação de K-pop, de um grupo de artistas sul-coreanos que visitavam a Coreia do Norte, o ditador Kim Jong-un agora rotula o gênero de câncer maligno e empreende uma guerra cultural a quem fala gírias ou se comporta como os vizinhos do Sul. O alvo principal é a juventude, seduzida pelo estilo de vida livre e despojado que emana clandestinamente do outro lado da Península Coreana em vídeos e CDs.
Seis estudantes do ensino médio foram julgados e condenados recentemente a cinco anos de internação em um campo de reeducação, de acordo com o relato do Daily NK, veiculado em Seul. O crime? Assistiram no ano passado a mais de 120 filmes e séries sul-coreanos.
No lado Norte, a punição é dura e prevista em lei aprovada em dezembro: 15 anos de confinamento para quem porta material clandestino e pena de morte para quem distribui filmes e videoclipes da cultura pop sul-coreana.
A influência estrangeira é vista como uma ameaça e precisa ser minada. Como justificou em artigo o jornal “Rodong Sinmun”, veiculado pelo regime, “a penetração ideológica e cultural sob o letreiro colorido da burguesia é ainda mais perigosa do que os inimigos armados”.
Desta forma, o idioma coreano deve seguir o dialeto do Norte, considerado superior. Gírias praticadas no Sul são terminantemente proibidas, assim como roupas, penteados e danças antissocialistas que, segundo o regime, só servem para “corromper os jovens”.
A cruzada contra a cultura sul-coreana tenta estancar um flanco vulnerável no regime mais fechado do mundo, comandado de forma tirânica há três gerações pela dinastia Kim. A ditadura domina 25 milhões de habitantes sob extrema vigilância do aparato estatal.
Aos 37 anos, o atual Líder Supremo é um representante da geração dos millennials, criada pela revolução da internet, mas abomina a propagação de celulares, pen-drives, cartões de memória ou de qualquer veículo por onde possam trafegar informações que ponham em risco o futuro do sistema político em que partido, Exército e Estado funcionam como um amálgama.