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    porto velho, sábado 1 de fevereiro de 2025

Presidente dos Estados Unidos defende cooperar com Brasil e Argentina em produção de alimentos

Biden afirmou que democracia é 'ingrediente essencial para o futuro das Américas'


correio brasiliense

Publicada em: 09/06/2022 09:15:55 - Atualizado


MUNDO-Na abertura da 9ª Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA), na noite desta quarta-feira (08/06), o presidente americano Joe Biden exortou os líderes de Canadá, Chile, Argentina, México e Brasil (os dois últimos ausentes do evento), a trabalharem junto com os EUA para aumentar a produção de alimentos e a exportação.

O tema é urgente já que a Guerra da Ucrânia tirou do mercado 30% do trigo produzido mundialmente além de outros produtos, como o óleo de girassol. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 49 milhões de pessoas estão à beira da fome em 43 países diferentes em decorrência do conflito.

Biden mencionou ainda uma cooperação para aumentar a produção e melhorar o transporte de fertilizantes no continente. A pauta é prioritária para o Brasil, que tem a Rússia como principal fornecedor do produto e enfrenta escassez do material, o que pode impedir o país de aumentar sua safra de grãos.

Embora tenha confirmado sua presença na Cúpula, Jair Bolsonaro não se deslocou aos EUA a tempo de prestigiar a abertura do evento. Ele estará apenas nas sessões plenárias de 9 e 10 de junho.

O clima no anfiteatro em que Biden discursou era típico dos grandes eventos de entretenimento americano. Antes que Biden inaugurasse a sessão de mais alto nível da Cúpula, participantes pegavam enormes filas para se abastecer com sacos de pipoca e refrigerante. As falas de políticos, como do governador da Califórnia Gavin Newson, da vice-presidente americana Kamala Harris e do presidente peruano Pedro Castillo, cujo país foi anfitrião da edição anterior do evento, foram entremeadas por shows de cantores do México, EUA e Colômbia e até uma apresentação do grupo circense Cirque du Soleil.

Segundo diplomatas ouvidos reservadamente pela BBC News Brasil, o presidente Bolsonaro, que concorrerá à reeleição em outubro e está em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, não queria perder quatro dias completos de pré-campanha para comparecer ao evento de Biden. No total, ele deve permanecer no país por menos do que 72 horas — isso porque atravessará o país para se encontrar com apoiadores em Orlando, na Flórida.

A menção de Biden à crise dos alimentos, aos fertilizantes e ao Brasil, no entanto, foi breve. Na maior parte do tempo, o presidente americano se dedicou a um tema que Bolsonaro gostaria de evitar: a democracia.

'Ingrediente essencial para o futuro das Américas'

O presidente americano apontou para a crise das democracias no mundo e para a necessidade de que os chefes de Estado reafirmem mais uma vez as benesses desse sistema de governo.

"Quando a democracia estiver sob ataque em todo o mundo, vamos nos unir novamente e renovar nossa convicção de que a democracia não é apenas a característica definidora", disse Biden, "mas o ingrediente essencial para o futuro das Américas".

A gestão do democrata trata o tema como urgente especialmente depois que apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Congresso, em 6 de junho de 2021, e interromperam por algumas horas a certificação de Biden como novo mandatário do país. O assunto segue forte na agenda do país: esta semana marca o início dos depoimentos na comissão parlamentar que investiga o episódio no congresso americano.

Apoiador e admirador de Trump, Bolsonaro, que se encontrará pela primeira vez com Biden na quinta-feira (9), voltou a ecoar esta semana falsas alegações de fraude nas eleições americanas de 2020.

"Quem diz (sobre fraude nas eleições dos EUA) é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhe na soberania de um outro país. Agora, o Trump estava muito bem e muita coisa chegou para a gente que a gente fica com o pé atrás. A gente não quer que aconteça isso no Brasil", afirmou Bolsonaro, o último líder do G-20 a reconhecer a vitória de Biden.


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