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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu assumir uma nova postura após conseguir resgatar brasileiros na Faixa de Gaza. Na segunda-feira (13), o petista já deu o tom que será adotado a partir de agora.
Desde a semana passada – após o encontro do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, com o ex-presidente Bolsonaro – havia a expectativa de que o governo mudasse de postura quando conseguisse garantir a repatriação do grupo que estava na Faixa de Gaza.
O assunto foi tema de reuniões de Lula com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O presidente teria sido aconselhado a esperar um pouco mais. As falas públicas, no entanto, dão conta de que o petista não ouviu os conselhos.
Pela manhã, durante evento no Planalto, Lula comparou as ações de Israel com as do Hamas.
“Nessa guerra, depois do ato provocado, e eu digo ato de terrorismo do Hamas, as consequências, as soluções de Israel, são tão graves quanto foi a do Hamas, porque eles estão matando inocentes sem critério nenhum. [Israel] joga bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto que um terrorista está lá. Não tem explicação”, disse.
À noite, ao recepcionar os brasileiros resgatados de Gaza, o presidente repetiu o discurso.
“O Hamas cometeu um ato terrorista e fez o que fez. Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, que as mulheres não estão em guerra. Eles não estão matando soldados, estão matando crianças”, disse o presidente.
A preocupação da diplomacia é com a situação dos brasileiros e parentes que ainda estão na região mais crítica do conflito. Além desse primeiro grupo que já chegou ao Brasil, há um outro, formado por cerca de 50 pessoas, que demonstraram interesse em retornar.
O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, divulgou uma nota na qual disse considerar a fala do presidente Lula “equivocada e perigosa”.
“A fala de hoje do presidente Lula, equiparando as ações de Israel ao grupo terrorista Hamas, são equivocadas e perigosas. Desde o começo dessa trágica guerra, provocada pelo mais terrível massacre contra judeus desde o Holocausto, Israel vem fazendo esforços visíveis e comprovados para poupar civis palestinos, pedindo que eles se desloquem para áreas mais seguras, criando corredores humanitários, avisando a população da iminência de ataques”, disse.
Lottenberg afirmou ainda que “o Hamas, por outro lado, se esconde cínica e covardemente atrás das mulheres e crianças de Gaza” e que “a morte desses civis palestinos é uma arma importante da estratégia do Hamas, uma estratégia que o próprio grupo terrorista reconhece que pratica”.
O presidente da Confederação Israelita declarou também que as falas estimulam uma visão distorcida do conflito.
“Além de equivocadas e injustas, falas como essa do presidente da República são também perigosas. Estimulam entre seus muitos seguidores uma visão distorcida e radicalizada do conflito, no momento em que os próprios órgãos de segurança do governo brasileiro atuam com competência para prender a rede terrorista que planejava atentados contra judeus no Brasil. A comunidade judaica brasileira espera equilíbrio das nossas autoridades e uma atuação serena, que não importe ao Brasil o terrível conflito no Oriente Médio.”