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porto velho, quinta-feira 26 de junho de 2025
Surpreendidos com o anúncio de Hugo Motta (Republicanos-PB), secretários e assessores do Palácio do Planalto atribuem ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a culpa pela decisão do presidente da Câmara de votar a derrubada do decreto do IOF nesta quarta-feira (25/6), no plenário da Casa.
Na noite da terça-feira (24/6), Motta anunciou que pautaria para o dia seguinte o projeto de decreto legislativo que derruba as mudanças no IOF. A decisão pegou o governo e até lideranças da oposição de surpresa, uma vez que Motta havia dado um prazo para o governo buscar alternativas.
À coluna, integrantes da Secretaria de Relações Institucionais, pasta comandada por Gleisi Hoffmann e que cuida da articulação política do governo, avaliaram que o anúncio de Motta pode estar relacionado a uma fala de Haddad em uma entrevista concedida pelo ministro à TV Record na noite da terça.
Na entrevista, o ministro da Fazenda criticou o projeto de lei que aumenta o número de deputados de 513 para 531. A proposta, já aprovada pela Câmara, será votada nesta quarta-feira pelo Senado. “Nenhum aumento de gasto é bem-vindo”, disse o chefe da equipe econômica na entrevista.
Na avaliação de auxiliares de Gleisi, Haddad errou ao criticar um projeto de interesse dos deputados no momento em que o governo precisa aprovar pautas importantes no Congresso Nacional. “Ele tem que ser bombeiro, não incendiário”, disse à coluna um assessor palaciano, sob reserva.
A assessoria de Gleisi, contudo, enviou nota ressaltando que a ministra “nega e desautoriza categoricamente” os comentários de integrantes da SRI publicados pela coluna sobre Haddad. O ministro da Secom, Sidônio Palmeira, também negou à coluna que essa seja uma posição oficial do Planalto.
À coluna, Haddad disse que a relação entre sua entrevista e a decisão de Motta “não faz sentido”. “Falei que não devíamos contratar novos gastos com a Selic a 15% (ao ano). Nenhum”, disse o ministro. Motta, por sua vez, não respondeu. O espaço segue aberto para eventuais manifestações do deputado.
Interlocutores do presidente da Câmara afirmam que, além da entrevista, Motta ficou irritado com supostas criticas feitas por Haddad ao deputado durante um jantar promovido pelo grupo Prerrogativas na sexta-feira (13/6), em São Paulo. O ministro, porém, nega ter feito as críticas.