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porto velho, sábado 5 de julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas à Organização das Nações Unidas (ONU) durante discurso na reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), nesta sexta-feira, 4. O petista disse que o mundo está "carente de lideranças políticas" e que nunca viu a "ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje".
"O nosso problema não é nem econômico, o nosso problema é político porque, há muito tempo, eu não via o mundo carente de lideranças políticas como nós temos hoje. Há muito tempo eu não via a nossa ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje", criticou Lula.
Em seguida, o presidente citou o conflito entre Israel e Palestina para afirmar que a ONU não é capaz de fazer um acordo de paz. "Uma ONU que foi capaz de criar o Estado de Israel, não é capaz de criar o Estado Palestino. Não é capaz de fazer um acordo de paz para parar o genocídio do exército israelense que mata mulheres e crianças inocentes em casa", acrescentou.
Ainda em seu discurso na reunião anual do NDB, o presidente defendeu um novo modelo de desenvolvimento, com linhas de crédito multilaterais que não sobrecarreguem os países com dívidas a juros exorbitantes -- em crítica implícita ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O líder brasileiro argumentou que é necessário instituir uma nova arquitetura financeira global, distinta da que prevaleceu no século 20.
Lula também destacou a importância do debate sobre uma nova moeda de comércio. "É extremamente importante", afirmou, reconhecendo os obstáculos: "É complicado, eu sei, tem problemas políticos, eu sei".
O presidente alertou que, sem mudanças, "vamos terminar o século 21 igual a gente terminou o século 20, e isso não será benéfico para a humanidade". Defendeu, então, a criação de "uma nova fórmula para mostrarmos ao mundo que um outro mundo é possível, uma outra realidade de vida é possível", associando essa transformação à defesa da democracia e do multilateralismo.
Expressando preocupação com a possível perda desses valores, Lula afirmou: "Se não [agirmos], vamos fazer com que a democracia seja destruída, desacreditada". Criticou ainda o atual cenário do multilateralismo, que, em suas palavras, "chega ao seu pior momento desde que foi criado depois da 2ª Guerra Mundial", reforçando que "fora dele e da democracia, a gente não tem saída".