Fundado em 11/10/2001
porto velho, domingo 13 de julho de 2025
PORTO VELHO-RO: O tarifaço anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros causou um terremoto político no Brasil. Entre críticas generalizadas do setor produtivo e reações imediatas da classe política, um posicionamento específico chamou atenção pelo grau de contradição: o do senador Confúcio Moura (MDB-RO).
Aliado histórico do presidente Lula e da esquerda brasileira, Moura se viu forçado a defender publicamente o agronegócio de Rondônia — setor que ele próprio, junto com a base lulista, costuma rotular como “agro fascista”. A reação do senador escancarou o desconforto de quem precisa aplaudir o setor que Lula e a esquerda combatem.
Nas redes sociais, Confúcio criticou duramente a decisão do ex-presidente americano, num tom que mais pareceu um ajuste de rota estratégica do que uma convicção espontânea.
“Sou totalmente contra esse tarifaço imposto pelo presidente americano ao Brasil!”, escreveu. E completou: “Vai prejudicar a cadeia produtiva, encarecer carne, café, milho e outros alimentos — e pesar no bolso do nosso agro”.
Para quem até outro dia acompanhava os ataques verbais da esquerda ao agronegócio — muitas vezes chamado por Lula e sua base de "fascista", "predador ambiental" ou “inimigo da democracia” e silenciava — a guinada do senador soa mais como ato de sobrevivência política do que mudança de opinião. Rondônia, onde o agro é motor da economia, não perdoaria omissão num momento de ataque externo.
Confúcio sabe que não há espaço para discurso ideológico quando os tratores movem a economia de seu estado. Mesmo desconfortável, viu-se obrigado a defender um setor que sua corrente política combate nos palanques, mas precisa nos bastidores.
Na tentativa de amenizar o conflito de imagem, concluiu sua postagem propondo uma saída diplomática, “sem prejuízos para nenhum setor”. Mas a cena já estava posta: um senador alinhado ao discurso anti-agro, obrigado a vestir o chapéu que tanto criticou — tudo em nome de votos, economia local e coerência institucional.
A publicação, embora politicamente calculada, expõe a contradição crescente da base aliada do governo federal: defender o agro com a boca, enquanto o apedreja com o punho cerrado e a língua afiada no parlamento.