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porto velho, terça-feira 7 de outubro de 2025
PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta terça-feira (7) recebeu o ex-ministro Amir Lando, que falou sobre suas impressões a respeito da política nacional e local, além de comentar sobre seus projetos para o futuro.
Logo no início, Amir Lando destacou o que considera um momento turbulento da vida política brasileira, atribuindo a instabilidade à invasão do Poder Judiciário em matérias que, segundo ele, são de competência do Legislativo.
“Existe uma usurpação de valores, mas cada um deve seguir sua competência funcional. Cada poder precisa saber que não pode ir além dos seus limites. É lamentável, e com isso a democracia vai se destruindo. As pessoas têm o rabo preso, e por medo de ir para a cadeia acabam cedendo a tudo que vem do Judiciário — e isso traz uma representação de baixa qualidade”, afirmou.
O ex-ministro também criticou o uso de emendas Pix, que classificou como um instrumento “vergonhoso” na política atual.
“Porto Velho é um dos maiores municípios do mundo e recebe menos emenda Pix que a cidade de Cabixi. Falta proporcionalidade nessa questão. E os partidos políticos são culpados, pois se tornaram apenas ferramentas eleitorais”, pontuou.
Segundo Amir Lando, a falta de partidos com ideologia e compromisso real com o país é um dos maiores problemas da política contemporânea.
“Um partido precisa de ideologia, mas o que temos hoje é deplorável. Por isso quero voltar. Acho que ainda tenho um recado a dar ao nosso país. Falta coragem para falar e fazer a coisa certa. O que vemos é uma bancada frouxa, sem rumo”, desabafou.
Ao ser questionado sobre a concessão da BR-364 no trecho que atravessa Rondônia, o ex-ministro se posicionou contra a forma como o processo foi conduzido.
“A maneira como foi realizada precisa ser denunciada, gritada. É necessário entrar na Justiça com uma ação popular. A sociedade precisa de representantes que cuidem verdadeiramente da nossa terra. Fiquei um tempo fora, mas esse período me ajudou a amadurecer muitos projetos”, declarou.
Amir Lando também ressaltou que os parlamentares precisam ter liberdade para atuar, mas alertou que o Congresso Nacional não pode servir como abrigo para criminosos.
“Tem muito bandido lá dentro apenas para se proteger. O Congresso não pode ser uma muralha de proteção de bandido. O parlamentar precisa ser protegido das pressões, mas não blindado para escapar de crimes cometidos”, afirmou.
Encerrando a entrevista, o ex-ministro defendeu o respeito entre os agentes políticos e a necessidade de diálogo como instrumento de pacificação nacional.
“Quem pressiona não age dentro da legalidade democrática. Dentro de uma democracia, o diálogo vem em primeiro lugar. Alguém precisa içar a bandeira branca — seja o Executivo ou o Legislativo. Não se deve perseguir ninguém. O juiz tende à piedade; o justiceiro, à perversidade. Cada um deve respeitar os limites do direito do outro. Precisamos pacificar a nação para promover o caminho da construção nacional”, concluiu.
Veja A Voz do Povo: