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Por unanimidade, Dr. Jairinho perde mandato de vereador no Rio

Preso pela morte do enteado Henry Borel, ele é o primeiro parlamentar a ser cassado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro


R7

Publicada em: 30/06/2021 21:30:29 - Atualizado

BRASIL: Por unanimidade, Jairo Santos Souza Junior, conhecido como Dr. Jairinho, teve o mandato cassado em votação na Câmara Municipal do Rio nesta quarta-feira (30). Ele se tornou o primeiro vereador a perder o cargo na história do Rio.

A decisão foi tomada por quebra de decoro do agora ex-parlamentar, que está preso acusado pela morte do enteado Henry Borel, de 4 anos.

De forma breve, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN) leu o relatório aprovado por unanimadade, na segunda (28), pelo Conselho de Ética da Câmara.

Os telefonemas para o governador Claudio Castro e para o conselheiro do hospital onde Henry morreu na tentativa de liberar o corpo da criança na unidade de saúde e supostamente evitar que passasse no IML (Instituto Médico Legal) também foram citados como condutas incompatíveis com o cargo.

Por cerca de duas horas, vereadores que se pronunciaram na tribuna da Casa concordaram com o parecer favorável pela cassação.

“Hoje é um dia histórico, emblemático, mas não de comemorações. Não estamos votando a condenação do Dr. Jairinho, o mérito do processo. Estamos votando se ele tem capacidade ética e moral de carregar o título de vereador pela cidade do Rio de Janeiro”, ressaltou Alexandre Isquierdo (DEM), presidente do Conselho de Ética.

No mesmo sentido, Teresa Bergher (Cidadania) afirmou que a continuidade de Jairinho como vereador “seria um golpe mortal na imagem do parlamento”.

Já a defesa, que usou apenas 30 minutos das duas horas disponíveis para se manifestar, sustentou que Dr. Jairinho era querido na Câmara, citou reeleições no cargo e ressaltou que o caso ainda não havia sido julgado pelo Judiciário.

O advogado Berilo Martins da Silva Neto afirmou ainda que o cliente não ligou para o governador na tentativa de "dar um jeitinho" para esconder suposto delito, mas para saber do trâmite.

Após a morte do menino, o ex-parlamentar já havia sido expulso do partido Solidariedade e perdido a Medalha Tiradentes, concedida pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

Caso Henry

Henry Borel morreu no dia 8 de março na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Ele foi levado pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, Jairinho, até um hospital particular, onde o casal alegou ter encontrado o menino caído no chão no apartamento em que moravam.

No entanto, o laudo de necrópsia do IML (Instituto Médico Legal) apontou que Henry morreu em decorrência de uma laceração no fígado proveniente de uma "ação contundente". O documento atestou mais de 20 ferimentos em diversas partes do corpo, inclusive nos rins, no pulmão e na cabeça. A perícia apontou que as lesões não seriam compatíveis com acidente.

No curso das investigações, foram reveladas mensagens trocadas entre Monique e a babá de Henry, Thayná Oliveira, nas quais ela relatava à mãe do menino agressões do padrasto contra o enteado. Em uma das situações, após ficar trancado no quarto com Jairinho, Henry teria saído mancando e com dor na cabeça, afirmando que o ex-vereador tinha lhe dado uma "banda".

No dia 8 de abril, Jairinho e Monique foram presos provisoriamente por atrapalharem as investigações do caso. Em 3 de maio, a Polícia Civil concluiu o inquérito da investigação, indiciando os dois por homicídio duplamente qualificado e tortura.

Em 7 de maio, a Justiça aceitou a denúncia contra Jairinho e Monique e eles se tornaram réus e tiveram prisão preventiva decretada.

Outras denúncias

Com a repercussão do caso Henry, vieram à tona novas denúncias de agressões cometidas por Jairinho contra outras duas crianças e uma ex-namorada.

Nesta terça (29), o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou o ex-vereador por tortura do filho da ex-namorada Débora Saraiva, que aconteceu em 2016, quando o menino tinha três anos.

Jairinho também foi indiciado pela DCAV (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima), no último dia 16, por cometer violência doméstica contra Débora, na época em que estavam juntos.

Em 30 de maio, o médico foi denunciado pelo MP-RJ pela tortura da filha de outra ex-namorada. A menina sofreu agressões entre 2011 e 2012, quando tinha quatro anos. Segundo o documento, o ex-parlamentar submeteu a criança a intenso sofrimento físico e mental, como forma de castigo pessoal.


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