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    porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024

Dieta low carb pode piorar a microbiota intestinal e a saúde, diz especialista

Rico em gorduras e pobre em fibras, esse tipo de alimentação pode afetar o frágil equilíbrio das bactérias do intestino


g1

Publicada em: 26/05/2022 16:13:38 - Atualizado

A evolução da alimentação ocidental, especialmente por conta da introdução dos alimentos industrializados, está associada à diminuição da população de bactérias “do bem” que formam a nossa microbiota intestinal. Essa redução está relacionada a doenças crônicas como o sobrepeso e a obesidade, os problemas gastrointestinais, alergias e doenças autoimunes. Isso ocorre porque a microbiota normal do corpo é um complexo ecossistema que inclui majoritariamente bactérias benéficas que convivem em um delicado equilíbrio, sendo fundamentais para a manutenção da nossa saúde.

A microbiota intestinal ajuda a capturar a energia dos alimentos e aumenta a lipogênese (formação de gordura) no nosso fígado. Portanto, a microbiota intestinal regula o armazenamento de energia da seguinte forma:

  • Fornece substratos lipogênicos (ácidos graxos de cadeia curta, monossacarídeos) ao nosso fígado;
  • Aumenta a atividade da enzima lipoproteína lipase (LPL), contribuindo para a liberação de ácidos graxos e triacilglicerol das lipoproteínas circulantes nos músculo e no tecido adiposo.

Temos cerca de 100 trilhões de bactérias no nosso corpo, sendo que em torno de 70 trilhões ficam no intestino. Boa parte delas é responsável pela produção de enzimas e hormônios fundamentais para a digestão, por exemplo. Quando há um desequilíbrio dessa microbiota, além de problemas intestinais, aumenta-se o risco de desenvolvermos doenças como diabetes, obesidade, úlcera, depressão, ansiedade e outras ligadas à saúde do cérebro. A alimentação low carb, se não for equilibrada e individualizada, pode destruir o frágil equilíbrio dessa microbiota.

Afinal, a dieta low carb costuma ser pobre em fibras e rica em gordura. E as fibras são fundamentais para a saúde intestinal, pois são fermentadas pelas bactérias que vivem no intestino, resultando em ácidos graxos de cadeia curta, importante combustível energético das células intestinais. Além disso, sabe-se que uma dieta rica em gorduras pode alterar a qualidade dessa microbiota intestinal, promovendo uma inflamação silenciosa (endotoxemia) que desencadeia o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, através de um mecanismo dependente das células do sistema imune. Isso ocorre porque a alimentação rica em gordura altera a microbiota intestinal de maneira complexa e diminui a quantidade de Bifidobacterium spp (bactérias boas).

Este fenômeno está associada a um maior teor de lipopolissacarídeos no plasma (endotoxemia metabólica), uma secreção dependente de lipopolissacarídeos de mediadores pró-inflamatórias. A alimentação com alto teor de gordura e o aumento de lipopolissacarídeos promovem distúrbios metabólicos induzidos por inflamação de baixo grau: resistência à insulina, diabetes, obesidade, esteatose hepática, infiltração de macrófagos teciduais.

Ressalto que essas alterações podem depender da individualidade do indivíduo, sendo fundamental evitar as tais “dietas da moda” sem acompanhamento do nutricionista e do médico.

Referências:

  1. Current Pharmaceutical Design, 2009, 15, 1546-1558 1381-6128/09 2009 Bentham Science Publishers Ltd. The Role of the Gut Microbiota in Energy Metabolism and Metabolic Disease.
  2. Delzenne NM, Cani PD. Interaction between obesity and the gut microbiota: relevance in nutrition. Annu Rev Nutr 31: 15-31.
  3. Delzenne NM, Neyrinck AM, Backhed F, Cani PD. Targeting gut microbiota in obesity: effects of prebiotics and probiotics. Nat Rev Endocrinol 7: 639-646.



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