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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
A evolução da alimentação ocidental, especialmente por conta da introdução dos alimentos industrializados, está associada à diminuição da população de bactérias “do bem” que formam a nossa microbiota intestinal. Essa redução está relacionada a doenças crônicas como o sobrepeso e a obesidade, os problemas gastrointestinais, alergias e doenças autoimunes. Isso ocorre porque a microbiota normal do corpo é um complexo ecossistema que inclui majoritariamente bactérias benéficas que convivem em um delicado equilíbrio, sendo fundamentais para a manutenção da nossa saúde.
A microbiota intestinal ajuda a capturar a energia dos alimentos e aumenta a lipogênese (formação de gordura) no nosso fígado. Portanto, a microbiota intestinal regula o armazenamento de energia da seguinte forma:
Temos cerca de 100 trilhões de bactérias no nosso corpo, sendo que em torno de 70 trilhões ficam no intestino. Boa parte delas é responsável pela produção de enzimas e hormônios fundamentais para a digestão, por exemplo. Quando há um desequilíbrio dessa microbiota, além de problemas intestinais, aumenta-se o risco de desenvolvermos doenças como diabetes, obesidade, úlcera, depressão, ansiedade e outras ligadas à saúde do cérebro. A alimentação low carb, se não for equilibrada e individualizada, pode destruir o frágil equilíbrio dessa microbiota.
Afinal, a dieta low carb costuma ser pobre em fibras e rica em gordura. E as fibras são fundamentais para a saúde intestinal, pois são fermentadas pelas bactérias que vivem no intestino, resultando em ácidos graxos de cadeia curta, importante combustível energético das células intestinais. Além disso, sabe-se que uma dieta rica em gorduras pode alterar a qualidade dessa microbiota intestinal, promovendo uma inflamação silenciosa (endotoxemia) que desencadeia o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, através de um mecanismo dependente das células do sistema imune. Isso ocorre porque a alimentação rica em gordura altera a microbiota intestinal de maneira complexa e diminui a quantidade de Bifidobacterium spp (bactérias boas).
Este fenômeno está associada a um maior teor de lipopolissacarídeos no plasma (endotoxemia metabólica), uma secreção dependente de lipopolissacarídeos de mediadores pró-inflamatórias. A alimentação com alto teor de gordura e o aumento de lipopolissacarídeos promovem distúrbios metabólicos induzidos por inflamação de baixo grau: resistência à insulina, diabetes, obesidade, esteatose hepática, infiltração de macrófagos teciduais.
Ressalto que essas alterações podem depender da individualidade do indivíduo, sendo fundamental evitar as tais “dietas da moda” sem acompanhamento do nutricionista e do médico.
Referências: