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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
MUNDO: Estudo recente publicado na Nature mostrou que o aumento dos níveis da proteína GREM1 nas células tumorais do câncer de pâncreas pode impedir que elas cresçam e causem metástase (espalhamento pelo corpo).
De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pâncreas tem um comportamento violento e é de difícil detecção. Por essa razão, é diagnosticado tardiamente e acumula uma alta taxa de mortalidade. No Brasil, o câncer nesse órgão é responsável por cerca de 2% de todos os diagnósticos da doença e por 4% de todas as mortes.
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, combinaram esforços para estudar o câncer de pâncreas em camundongos e em “minitumores” pancreáticos, chamados de organoides, para detalhar o gene que desativa a proteína GREM1 e, consequentemente, possibilita a metástase da doença.
Os cientistas descobriram que, ao desligarem a GREM1, as células tumorais passam por uma mudança negativa e rápida: adquirem a capacidade de invadir novos tecidos e migrar pelo corpo. Segundo o estudo, em apenas dez dias, todas elas mudaram e tornaram-se mais perigosas e invasivas.
Além disso, o desligamento tornou os tumores mais propensos a se espalhar. Os pesquisadores também realizaram testes em camundongos com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) – a forma mais comum e agressiva da doença – e evidenciaram que, sem a presença do GREM1, 90% deles desenvolveram tumores que se espalharam para o fígado.
Nos casos em que a proteína estava funcionando normalmente, apenas 15% chegaram a essa situação.
Os pesquisadores também mostraram que, ao tomarem a atitude contrária, ou seja, em vez de desligarem a proteína GREM1, aumentarem os seus níveis, o processo de metástase poderia ser revertido e as células invasivas assumiam uma forma menos perigosa.
“Esta é uma descoberta importante e fundamental que abre um novo caminho para descobrir tratamentos para o câncer de pâncreas. Mostramos que é possível reverter o destino das células no câncer de pâncreas no laboratório – voltando o relógio em tumores agressivos e mudando-os para um estado que os torna mais fáceis de tratar”, informou Axel Behrens, autor sênior do estudo e líder da equipe de células-tronco do câncer no Instituto de Pesquisa do Câncer, em comunicado.
O estudo também constatou que outra proteína, chamada BMP2, participa da regulação da GREM1 e que, em conjunto, elas controlam as formas que as células de PDAC assumem.
A equipe acredita que este e os demais conhecimentos podem ser utilizados para encontrar formas de reverter o câncer de pâncreas em estágios mais avançados para um nível menos agressivo e mais fácil de tratar.
Os cientistas explicam que a ciência está em estágio inicial e que mais pesquisas são necessárias para descobrir e desenvolver tratamentos que de fato mudem o destino das células tumorais do câncer de pâncreas e estimulem o tumor a responder melhor às terapias.
Entretanto, constatações como as do estudo são primordiais para dar um direcionamento àqueles que procuram novos medicamentos e tratamentos contra o câncer.
“Esta nova descoberta ampliou nossa compreensão da base molecular de como o câncer de pâncreas ganha a capacidade de crescer e se espalhar pelo corpo. Embora seja necessário mais trabalho, esse tipo de pesquisa fundamental é essencial para desenvolver conceitos para tratamentos novos e mais eficazes contra o câncer”, detalhou Kristian Helin, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa do Câncer, em comunicado.