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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
O número de mortos da Covid-19 é “uma tragédia profunda e um enorme fracasso global em vários níveis”, disse a Comissão Lancet em um relatório divulgado na quarta-feira (14).
“Muitos governos falharam em aderir às normas básicas de racionalidade institucional e transparência, muitas pessoas — muitas vezes influenciadas por desinformação — desrespeitaram e protestaram contra precauções básicas de saúde pública, escreveram.
A Organização Mundial da Saúde diz que mais de 6,4 milhões de mortes por Covid-19 foram relatadas até este domingo (11). No entanto, alguns especialistas dizem que o número verdadeiro provavelmente será muito maior do que esse índice.
Entre as falhas identificadas pela comissão estavam a falta de notificação oportuna do surto inicial e “atrasos dispendiosos” no reconhecimento da propagação do vírus no ar.
Também a falta de coordenação entre os países em torno das estratégias de supressão, o fracasso dos governos em examinar as evidências e adotar melhores políticas para controlar e gerenciar a pandemia e a falta de fundos para países de baixa e média renda.
Além disso, a distribuição desigual de produtos básicos, a falta de dados, a má implementação das normas de biossegurança no período anterior à pandemia, o fracasso no combate à desinformação e a falta de redes de segurança para populações vulneráveis.
“A lição abrangente da pandemia da Covid-19 é a necessidade de preparação nacional juntamente com cooperação global e ação concertada”, escreveu a comissão. “A maioria dos países carece de planos significativos de preparação para pandemias”, acrescentaram.
A comissão também mencionou que a OMS “agiu com muita cautela e lentidão em várias questões importantes”. Entre eles, o alerta sobre a transmissibilidade humana do vírus e a declaração de emergência de saúde pública de interesse internacional.
Muitos governos também demoraram a reconhecer a importância do surto como ficou conhecido e a responder com urgência.
Além das falhas organizacionais e governamentais, houve oposição pública às medidas sanitárias e sociais que “prejudicaram seriamente” o controle da epidemia.
A comissão observou “alguns destaques” nas respostas à Covid-19. O mais importante: o desenvolvimento de vacinas.
O relatório também faz várias recomendações, como uma coordenação global de esforços para acabar com a pandemia com países que mantêm uma estratégia de vacinação adicional.
Além de intensificar as pesquisas sobre as origens do vírus pela OMS, governos e comunidade científica. Também um fortalecimento geral da OMS, estratégias de mão dupla para prevenir futuras doenças infecciosas emergentes que visam evitar os efeitos do contágio natural e aqueles relacionados à pesquisa científica, bem como o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde.
A OMS reagiu ao relatório na quarta-feira, dizendo que contém “várias omissões e mal-entendidos importantes” sobre sua resposta inicial e esforços em andamento.
Mas a organização “saúda as recomendações gerais” detalhadas no relatório e observa que o diretor-geral da OMS compartilha alguns de seus objetivos.
A Comissão Lancet sobre Covid-19, liderada pelo professor da Universidade de Columbia Jeffrey D. Sachs, foi criada em meados de 2020 e é composta por 28 membros com experiência em áreas como políticas públicas, cooperação internacional, epidemiologia e vacinologia.
Os comissários supervisionaram 12 forças-tarefa que se reuniram regularmente durante a pandemia e incluíram mais de 170 especialistas.
O grupo de trabalho que analisou as origens e a disseminação precoce da pandemia terminou. A comissão disse que tomou a decisão “no interesse de garantir a transparência e a objetividade do relatório da Comissão Lancet sobre a Covid-19”.
O novo relatório diz que “todas as três hipóteses associadas à investigação permanecem plausíveis: infecção em campo, infecção com vírus natural em laboratório e infecção com vírus manipulado em laboratório de bioengenharia de vírus do tipo SARS que estava em andamento antes do surto da Covid-19.”