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Presença de vírus nos testículos de primatas reforça possibilidade de transmissão sexual

O artigo foi publicado nesta segunda-feira (17) na revista científica Nature Microbiology.


R7

Publicada em: 18/10/2022 13:40:31 - Atualizado


MUNDO- Assim como os humanos, primatas também são vítimas do vírus Monkeypox, causador da varíola do macaco. E foi nesses animais que cientistas do USAMRIID (Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército) dos EUA encontraram o vírus nos testículos, o que reforça a possibilidade já aventada no surto atual de que a transmissão pode ocorrer também por relações sexuais.

O artigo foi publicado nesta segunda-feira (17) na revista científica Nature Microbiology.

Em comunicado, o autor sênior do estudo, Xiankun (Kevin) Zeng, explica os achados.

“Nós detectamos o vírus da varíola do macaco em células intersticiais e túbulos seminíferos dos testículos, bem como no lúmen do epidídimo, que são os locais de produção e maturação de espermatozoides.”

Em junho e julho, pesquisadores da Itália e da Espanha já haviam detectado o DNA do vírus Monkeypox no sêmen de pacientes infectados. A OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a admitir a possibilidade de infecção pelo sexo.

Tradicionalmente, sabe-se que a transmissão ocorre pelo contato da pele com lesões de alguém infectado e também de mucosas.

“A compreensão da biologia da infecção dos testículos por varíola do macaco e da eliminação do vírus no sêmen tem implicações substanciais para a saúde pública”, afirmam os pesquisadores.

Usando análise histológica para analisar microscopicamente o curso da doença em amostras de tecido, a equipe do USAMRIID descobriu que, embora o vírus da varíola do macaco tenha sido eliminado da maioria dos órgãos — e de lesões cutâneas curadas — durante a convalescença, ele pode ser detectado nos testículos dos macacos até 37 dias após a exposição.

“Nossos dados fornecem evidências de que o vírus da varíola do macaco pode ser derramado no sêmen durante os estágios agudos e de convalescença da doença em macacos comedores de caranguejo [a espécie usada no estudo]”, complementou Zeng, e salientou que “parece plausível, portanto, que a transmissão humana em pacientes do sexo masculino convalescentes possa ocorrer pelo sêmen”.

Os autores salientam que, embora os achados sejam o primeiro passo para alguns entendimentos mais aprofundados sobre a doença, são necessários mais estudos sobre essa possível transmissão do vírus Monkeypox pelo sêmen.

Um dos motivos é porque o comportamento da doença nos macacos usados no estudo se mostrou diferente do observado na maioria dos humanos.

“Os animais demonstram uma doença mais grave e letal do que a observada em humanos, e o período de incubação nos animais é menor. Além disso, este estudo utilizou amostras de animais expostos a isolados virais diferentes da cepa atualmente circulante”, observam no comunicado.

Por precaução, autoridades sanitárias recomendam que homens infectados pelo vírus Monkeypox utilizem preservativo nas relações sexuais de dois a três meses após estarem curados.


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