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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL: Um trabalho conduzido por cientistas da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, e publicado nessa terça-feira (25) na revista Nature Communications, sugere que o uso de cigarros eletrônicos pode desencadear arritmias (batimentos irregulares do coração) e disfunção elétrica cardíaca.
Eles utilizaram modelos animais e constataram que a exposição aos produtos químicos dos dispositivos causaram batimentos cardíacos prematuros e batimentos cardíacos pulados.
"Nossas descobertas demonstram que a exposição de curto prazo aos cigarros eletrônicos pode desestabilizar o ritmo cardíaco por meio de produtos químicos específicos nos líquidos eletrônicos", alerta em um comunicado o coordenador do estudo, o professor Alex Carll, do Departamento de Fisiologia da universidade.
O pesquisador destaca que "o uso de cigarros eletrônicos envolvendo certos sabores ou veículos solventes pode interromper a condução elétrica do coração e provocar arritmias."
"Esses efeitos podem aumentar o risco de fibrilação atrial ou ventricular e parada cardíaca súbita", complementa.
Foram usados nos testes os principais ingredientes dos líquidos que compõem os cigarros eletrônicos, como propilenoglicol sem nicotina e glicerina vegetal, além de líquidos com sabor contendo nicotina.
No artigo, os pesquisadores descrevem que a frequência cardíaca dos animais diminuiu durante as exposições ao sopro e acelerou, à medida que a variabilidade da frequência cardíaca diminuiu, indicando respostas ao estresse de luta ou fuga.
Outro achado foi de que as inalações de cigarro eletrônico sabor mentol ou com propilenoglicol causaram arritmias ventriculares e outras irregularidades elétricas no coração.
O professor Aruni Bhatnagar, da Divisão de Medicina Ambiental da Universidade de Louisville, pontua que esta é mais uma comprovação do perigo dos cigarros eletrônicos para a saúde.
"Isso é altamente preocupante, dado o rápido crescimento do uso de cigarros eletrônicos, principalmente entre os jovens."
Em julho deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) manteve a proibição da importação e venda de dispositivos eletrônicos para fumar.
Mesmo assim, estes produtos continuam sendo comercializados sem qualquer impedimento, especialmente na internet.
Uma pesquisa conduzida pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e pela organização internacional Global Strategies mostra que a prevalência de adultos tabagistas caiu de 14,7%, no período pré-pandemia, para 12,2%, nos primeiros três meses de 2022.
Por outro lado, o estudo traz números que acendem um alerta. Entre jovens de 18 a 24 anos, quase 20% declaravam ter experimentado cigarro eletrônico entre janeiro e março deste ano. Na população geral, foram 7,3%.
Outro estudo, publicado em junho na revista científica Addiction, mostra que, mundialmente, um em cada 12 adolescentes de 13 a 15 anos havia consumido cigarro eletrônico no período de 30 dias anterior ao questionário.
Além do risco cardíaco, os cigarros eletrônicos também podem causar sérios danos pulmonares.
A Evali (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico) é uma das complicações e está associada a um forte processo inflamatório nos pulmões capaz de levar à morte.
Em um dos casos ocorridos no Brasil e reportado à Anvisa, os sintomas da Evali foram descritos como "sensação de desmaio, dor muito forte no meio peito, pensava que estava infartando".
Um documento elaborado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com o Inca, identificou 21 elementos presentes na fumaça dos vapers que podem trazer danos à saúde. Entre eles estão: chumbo, enxofre, titânio, cobre e lítio.