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Nova onda de Covid-19: saiba todos os sintomas e quais cuidados tomar

Duas novas cepas do vírus, a BG.1 e a XBB, que surgiram a partir da variante Ômicron, são potencialmente mais resistentes à vacina e têm crescido em circulação.


R7

Publicada em: 04/11/2022 16:48:37 - Atualizado


MUNDO - A positividade dos testes de coronavírus em laboratórios privados do país aumentou em outubro, apontou análises do ITpS (Instituto Todos pela Saúde), e uma nova onda de casos da doença também tem sido observada em países da Europa.

Duas novas cepas do vírus, a BG.1 e a XBB, que surgiram a partir da variante Ômicron, são potencialmente mais resistentes à vacina e têm crescido em circulação.

Em entrevista ao Estadão, especialistas apontam que é importante que a população atente aos sintomas, faça testes para confirmar a infecção por coronavírus e siga o tratamento correto da doença.

    Como a Covid-19 pode ser confundida com um resfriado ou gripe, é importante que a pessoa, ao perceber os sintomas, faça um teste para comprovar se há infecção por coronavírus ou por influenza, que também teve aumento relevante no número de testes positivos.

    Em especial idosos e imunossuprimidos devem ter um diagnóstico correto para que o tratamento seja feito o quanto antes, diminuindo as chances de uma evolução para quadro mais grave. Até o momento, o aumento no número de testes positivos para coronavírus são de casos leves. Não houve aumento relevante no número de internações pela doença.

    Sintomas

    Segundo o médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Evaldo Stanisla, apesar das novas cepas do vírus, os sintomas de Covid-19 continuam sendo os mesmos de antes.

    "Geralmente são sintomas respiratórios, similares a de um resfriado comum ou eventualmente aos de uma gripe, quando há mais sintomas de febre e mal estar", diz.

    Por isso, é preciso se atentar se há:

    - Coriza;

    - Dor de garganta;

    - Tosse;

    - Dor no corpo;

    - Mal estar;

    - Febre.

    Os sintomas podem aparecer isoladamente ou todos juntos. Pessoas imunizadas com todas as doses contra a doença e que não têm idade avançada ou problemas de saúde tendem a apresentar sintomas mais leves, sem evolução para casos graves.

    Para saber se é Covid-19, influenza ou apenas um resfriado comum, é preciso fazer um teste laboratorial.

    Testagem de Covid-19

    Alexandre Naemy Barbosa, infectologista, professor e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, defende que a testagem de pacientes com sintomas respiratórios deve ser feita em todos os casos.

    Segundo ele, o paciente consegue ter um melhor tratamento quando diagnosticado corretamente, o que diminui as chances de evolução da doença para quadros mais graves.

    "Hoje, nós já temos alguns medicamentos que tratam a Covid-19 e que ajudam para que o quadro clínico do paciente não evolua negativamente", diz o especialista.

    Para Carolina dos Santos Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde, a testagem é importante não só no âmbito pessoal, mas também coletivo. Ela possibilita que a comunidade médica, científica e as autoridades saibam o que está acontecendo nas cidades e no país para que sejam tomadas as medidas necessárias para conter e prevenir casos.

    Além disso, é necessário comunicar o cenário atual às pessoas mais vulneráveis para que elas possam se proteger.

    "Nós sempre estimulamos a confirmação por exame laboratorial, mesmo para pacientes com sintomas leves e sem fatores de risco, para que a gente conheça o que está acontecendo na comunidade. Afinal, quando aumenta o número de casos leves, significa que as pessoas que têm mais chance de ter um quadro grave estão expostas a um risco maior", explica Lázari.

    Segundo ela, nos hospitais parceiros do Fleury, a testagem em pronto-socorro é um protocolo comum.

    Stanisla concorda com a especialista do Fleury. Segundo ele, a queda na testagem, provocada principalmente pelo relaxamento da população em relação à preocupação com o coronavírus, é um grande equívoco.

    "A gente perdeu o nosso indicador epidemiológico de circulação viral. Hoje a gente tem muito diagnóstico sindrômico", relata o infectologista.

    O médico explica que, costumeiramente, as pessoas têm sintomas respiratórios, procuram uma orientação médica – ou nem sequer procuram um médico – e o diagnóstico é feito de acordo com os sintomas. Porém, o método não é eficaz.

    "A gente tem muitos agentes respiratórios. Cada um deles vai ter uma complicação clínica e um padrão epidemiológico. Então, a testagem é essencial para a gente identificar quais são os agentes que estão circulando", explica o especialista.

    Caso o médico do pronto-socorro não peça a testagem, Barbosa defende que o paciente exija o teste. Além disso, o ideal é realizar testes laboratoriais.

    Os autotestes de farmácia, apesar de mostrarem o resultado rapidamente e terem uma eficácia comprovada, não notificam os resultados. Ou seja, não são computados pelas pesquisas e nem pelo governo.

    O melhor momento para se fazer o teste é quando o paciente começa a apresentar sintomas. Ao passar alguns dias, pode ser que o resultado indique um falso negativo.

    Cuidados

    Os cuidados a serem tomados para não contrair Covid-19 ao longo desta nova onda da doença variam de pessoa para pessoa.

    O vice presidente da SBI defende que idosos acima de 75 anos, pessoas que passaram por implante de órgão recente, pessoas com doença de lúpus e imunossuprimidos em geral evitem aglomerações e utilizem máscaras quando tiverem contato com outras pessoas.

    "Mesmo com todas as doses da vacina, essas pessoas são mais vulneráveis", diz o médico.

    Já para pessoas com condições de saúde normais e que não são idosas, a recomendação é de uso de máscara apenas em ambientes fechados, com aglomeração e sem circulação nenhuma de ar, como elevadores.

    "Não há motivo para grande preocupação", tranquiliza Barbosa.

    Apesar de não ser um cenário tão grave quanto o de 2020 e 2021, Stanisla lembra que "é importante que as pessoas entendam que a pandemia não acabou."

    Para ele, a flexibilização do uso de máscaras mesmo em locais extremamente fechados e com baixa circulação de ar deveria ser repensada pelas autoridades sanitárias. "A máscara protege e continua sendo extremamente indicada para esses ambientes", diz.

    Vacinação

    Para todos os médicos escutados pela reportagem, a vacinação continua sendo a melhor medida de prevenção contra a Covid-19.

    "A gente observa que muita gente negligenciou a dose de reforço da vacina e isso é um grande problema porque impacta na circulação viral", diz Stanisla.

    Mais uma vez, trata-se de uma questão coletiva: quanto maior for a barreira imunológica encontrada pelo vírus, mais dificilmente ele vai penetrar em uma região.

    As doses de reforço são importantes porque, sem elas, a proteção cai consideravelmente. Até o momento, apenas 48,93% da população total brasileira tomou dose de reforço, segundo o consórcio de veículos de imprensa, com base em dados das secretarias estaduais de Saúde.

    A vacinação infantil é ainda mais preocupante. O Brasil tem uma baixa cobertura vacinal infantil contra o coronavírus. Hoje, o número de bebês e crianças internados por Covid-19 supera o de idosos, segundo dados do Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância (Fiocruz/Unifase).

    De 14 de agosto a 10 de setembro deste ano, idosos com mais de 60 anos somaram 387 hospitalizações pelo vírus no país. Já entre bebês e crianças, o número chegou a 678, quase o dobro.


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