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    porto velho, sexta-feira 18 de outubro de 2024

Percepção equivocada nas eleições; Pesquisas para todos os gostos; Léo foi surpreendido


Por Robson Oliveira

16/10/2024 20:19:33 - Atualizado

ANÁLISE

Há uma percepção equivocada de quem analisa as eleições do primeiro turno da capital com uma carga de sentimento de repulsa à candidata do MDB, juíza Euma Tourinho, em razão do comportamento beligerante que adotou na campanha. Ao examinarmos como a candidata foi tratada do ponto de vista jornalístico, é possível deduzirmos que a repulsa exposta na mídia pode ter sido exagerada e desnecessária. Os votos obtidos pela emedebista (24.481), são robustos para quem nunca disputou uma eleição e sequer militou na política, exceto no âmbito classista da magistratura. A maioria do eleitorado nunca havia ouvido falar da magistrada aposentada, além de advogados e repórteres que cobrem as lides forenses. O quinto colocado, Benedito Alves, que obteve apenas 12.972 votos, foi mais bem avaliado na imprensa do que a juíza aposentada que alcançou o dobro. Aliás, Benedito é originário da política e, através dela, foi alçado a Conselheiro do Tribunal de Contas. Não é de hoje que milita em hostes partidárias. Quem analisou Euma como um fracasso eleitoral o fez por interesses inconfessáveis, ou por limitação cognitiva. Os votos obtidos falam por si e ela se cacifou para outras imersões políticas em 2026. O resto é lorota de torcedor enfurecido.

ERRO

Um dos erros estratégicos da campanha da primeira colocada, Mariana Carvalho (UB), foi escolher a juíza aposentada como o alvo preferencial das críticas mais acerbas com o objetivo de evitar que fosse ela a segunda colocada no segundo turno. Concluíram que enfrentar Léo Moraes seria eleição mais fácil de ser vencida e, portanto, pouparam o candidato do Podemos. Como a política é como “nuvem”, que muda conforme o tempo, a opção da família dos Carvalhos por Léo está indicando que foi um erro de avaliação que pode custar a eleição.

DESCONSTRUÇÃO

A virulência pela qual Euma Tourinho contra-atacou a campanha de Mariana Carvalho, após ser seguidamente fustigada, expôs ao eleitor desatento as fragilidades de uma candidata inexperiente no confronto de ideias e limitadíssima ao abordar temas essenciais à qualidade de vida dos munícipes. Mariana, ao cutucar a adversária no debate da SIC TV, tomou uma invertida que a desestabilizou em todos os blocos do debate. Nem as vaias lideradas por seu irmão, deputado Maurício Carvalho, das galerias onde o debate aconteceu, serviram para recompor a menina. Euma exagerou na medida da virulência, mas conseguiu desconstruir a personagem criada artificialmente para catapultar Marianinha ao cargo de prefeita de Porto Velho. Até o sorrisinho forçado e debochado da menina dos Carvalhos não passou despercebido da ira da magistrada de pijamas. Nada foi mais devastador para ambas do que aquele duelo ácido e virulento na SIC TV.

VIRULÊNCIA

Há em curso quem faça insinuações de cunho pessoal na vã tentativa de levar à lona o nível da campanha como se esta prática surrada e utilizada em eleições passadas ainda tivesse espaço para mudar cenários. Não muda. Ledo engano. Tais baixarias somente aumentam a incredulidade dos eleitores com os políticos e afugentam o cidadão da política. É algo ruim para os dois lados, especialmente numa capital que registrou um número enorme de abstenção, que beirou a cem mil pessoas. Neste segundo turno, o eleitor está atento e quem não se mostrar capaz de convencer será sumariamente rejeitado. As propostas dos candidatos nos debates vão ser essenciais para a escolha do mais bem preparado para governar o município. Quem usar da virulência ou de modos grosseiros, assim como ocorreu no primeiro turno, dará outro tiro no pé. Embora parte dos telespectadores gostem mesmo de um confronto acalorado. Sem ultrapassar do limite.

PESQUISAS

Já começam a aparecer as primeiras pesquisas para todos os gostos e para agonia das torcidas que adoram exaltar os percentuais quando eles são favoráveis ao seu candidato. Quando não são bons, desqualificam. No entanto, pesquisa não é infalível e representa tão somente o retrato do momento em que os dados são tabulados. Quando vem a público é possível que esse retrato tenha mudado, razão pela qual muitas não batem com os resultados nas urnas. Mas é um instrumento precioso para os comitês uma vez que revelam as inconsistências da campanha que podem ser redirecionadas. Ninguém vence um pleito devido à divulgação de pesquisa, embora os candidatos, seguidores, entre outros, adorem gritar vitória após a divulgação e antes das urnas apuradas.

FRUSTRAÇÃO

No primeiro turno ficou óbvio que a candidata da constelação de 12 partidos, Mariana Carvalho (UB), foi surpreendida com a eleição seguindo para o segundo turno. Imaginavam que as eleições acabavam no primeiro. E depois que as urnas foram apuradas ficaram ainda mais frustrados ao perceberem que o adversário Leo Moraes não seria um candidato tão fraco quanto avaliavam.

DESPROPORÇÃO

Para se ter uma ideia, a menina Mariana Carvalho conta com o apoio do governador Marcos Rocha (ainda que discreto), com a participação ativa e exaustiva do prefeito Hildon Chaves, com a ajuda de todos os vereadores eleitos e não eleitos, todos os deputados estaduais, dois senadores, seis deputados federais, adesões dos perdedores como Benedito Alves, do candidato das esquerdas Célio Lopes, entre outros setores empresariais. Já foi uma frustação enorme não vencer o pleito no primeiro turno, será um desastre político incomensurável para todos os apoiadores uma derrota no segundo, algo que os tripulantes desse “Titanic” partidário não contam.

VITORIOSO

Independentemente do resultado favorável ou não, Leo Moraes é o grande vitorioso das eleições de Porto Velho, com 64.125 votos, ao desafiar todo o sistema partidário e as máquinas administrativas, sozinho e isoladamente.

INSISTENTE

Até a nominata de vereadores que formou era tão débil que sequer conseguiu eleger um deles, nem por isso desistiu e o impediu de virar o jogo. Enfrentar uma campanha adversa, isolado, liso e sem espaço suficiente na propaganda eleitoral de TV e Rádio para expor as propostas, não é tarefa para qualquer “Zé Mané”, mas Leo insistiu.

SUCESSO

Gostando ou não dele do Leo, restaram para ele os debates para sobreviver aos percalços da campanha. E foram eles (os debates), entre outros fatores, os responsáveis pelo sucesso solitário da campanha. Leo está no segundo turno tão forte quanto a adversária, mesmo não contando com as adesões dos mais variados partidos que anunciaram apoio a Mariana e percorrem agora as ruas ensolaradas de Porto Velho correndo atrás do prejuízo.

VITORIOSO

As urnas mostraram que o candidato da oposição possui uma capilaridade eleitoral de vencedor e uma resiliência política invejável. Isso sem dinheiro, ajuda dos endinheirados ou do uso abusivo das máquinas. Já é o maior vitorioso, independente do resultado das urnas. E as eleições 2026 passam também por ele.

ADESÕES

O representante das esquerdas nas eleições, advogado Célio Lopes (PDT), aderiu à candidata da direita para atender à determinação do PDT, partido aliado historicamente da esquerda, mas que garantiu espaço para o advogado numa eventual eleição de Mariana.

ENVERGONHADO

Como é uma determinação, Célio declarou apoio de forma acabrunhada uma vez que na campanha professou ser partidário do presidente Lula e não economizou nas críticas contra a nova aliada convertida ocasionalmente ao extremismo.

SURPRESA

Já Leo foi surpreendido com a declaração de voto do deputado federal Fernando Máximo (UB), filiado ao mesmo partido de Mariana, durante uma entrevista no programa “Dinos”, da rádio Parecis.

DIFERENÇAS

A declaração do parlamentar do União Brasil - mais votado nas eleições estaduais passadas (90 mil votos), foi obtida pela pergunta inteligente do experiente e competente jornalista Beni Andrade, autoproclamado dinossauro. O próprio parlamentar explicou aos “Dinos” que sequer havia conversado com Leo, mas a opção de votar no candidato da oposição é em razão da leveza com que faz a campanha e o descompromisso em dividir a administração com tantos partidos sedentos de poder. Estas diferenças de condutas entre os candidatos foram os motivos pelos quais Fernando Máximo optou em votar no Leo.

ESTRAGO

A declaração de voto do deputado federal Máximo caiu como um raio devastador no comitê eleitoral de Mariana, que imediatamente tentou conter o estrago anunciando o apoio do candidato da esquerda (Célio).

TRAIÇÃO

Alguns setores classificaram o apoio de Máximo como um ato de traição ao governador Marcos Rocha. Uma bobagem. O governador sequer cobrou do aliado reciprocidade nestas eleições da capital, uma vez que em março era Máximo quem liderava todas as pesquisas para prefeito da capital e foi preterido pelo União Brasil ao optar pela candidatura de Mariana Carvalho, na época segunda colocada e até então filiada ao Republicanos. O traido nesta relação foi o deputado federal, que recebeu um pé nas partes anatômicas traseiras do União Brasil. A reação destemperada contra a decisão do parlamentar é prova cabal de que a adesão significou uma fissura no barco governista. O prefeito Chaves foi as rádios vociferar a tal traição, mas o suposto traído não se queixou publicamente da decisão de Fernando Máximo.

LEALDADE

Ademais, na mesma entrevista, Fernado Máximo fez questão de reafirmar sua gratidão ao governador sinalizando que caminhará ao seu lado em 2026. Quem sentiu o golpe passou recibo. E não foi Marcos Rocha.

FUJONA

A assessoria de Mariana Carvalho anunciou que a candidata do União Brasil vai comparecer aos debates programados para o segundo turno depois de fugir do debate da Globo no primeiro turno para evitar um vexame eleitoral. A repercussão da fugidinha de Mariana foi tão devastadora que os próceres da campanha estão se esmerando para tentar apagar da memória do eleitor aquela confissão de fraqueza e antecipando a participação aos debates.

PROVOCAÇÃO

Partidários da candidata não escondem a estratégia de tentar desconcentrar o adversário no início de cada confronto cutucando a história de vida do seu pai. É sabido para todos que Leo Moraes fica irado e reage com veemência toda vez que fustigam o legado do pai Paulo Moraes, ex-secretário de Segurança Pública, falecido há nove anos, e que não alisava no trato com bandidos. É uma cilada estratégica que o candidato tem que saber sair sem perder a compostura nem a dignidade familiar. Até porque ninguém perdoa candidato covarde.

PESQUISA

Hoje é divulgada a primeira pesquisa nacional assinada pelo Instituto Verita. A Quest divulga até o final de semana.


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