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porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL: Gastos com prostitutas de luxo, compra de fuzis em Dubai, pagamento dos mercenários que fazem sua escolta pessoal e uma cirurgia plástica. Esses foram algumas das despesas descobertas pela Polícia Federal na investigação sobre o megatraficante Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, também conhecido como Motinha ou Dom.
O megatraficante foi alvo de uma operação da Polícia Federal na última semana na fronteira com o Paraguai, mas conseguiu fugir de helicóptero um dia antes da ação. Fontes no Ministério da Justiça afirmam que a informação de que ele seria preso vazou pela polícia paraguaia -- eles negam. Em maio, Motinha foi alvo de outra operação, mas conseguiu fugir dois dias antes.
Segundo a investigação, Mota tem dois operadores financeiros, uma mulher no Brasil e um outro no Paraguai. Eles são encarregados de realizar toda a movimentação financeira da organização criminosa. Os pagamentos funcionam da seguinte forma: o traficante aciona os operadores por mensagem, informa os valores a serem pagos e eles acionam doleiros que fazem os pagamentos usando uma rede de contas e empresas de fachada para evitar o rastreamento dos valores.
Em uma das conversas descobertas na investigação, Motinha negocia por aplicativo de celular o valor para que duas prostituas de luxo passem o fim de semana com ele. O interlocutor passa o preço e a conta e, no dia seguinte, o megatraficante autoriza a seu operador o repasse de R$ 32 mil pelo serviço.
Em outra conversa, dessa vez com seu cunhado, o traficante negocia a compra de dois relógios de luxo para a namorada, no valor de R$ 100 mil. Por causa do alto montante, os valores são fracionados para não serem rastreados.
Em uma outra conversa, ele pede ao cunhado a transação de R$ 395 mil. Dessa vez para adquirir um carro, também para a namorada e pede que o veículo seja blindado.
Nos documentos, a polícia encontrou a negociação de R$ 8,1 mil para a cirurgia plástica da mãe de Mota, Cecy Mendes Gonçalves da Mota. Ela fez uma “ritidoplastia com endoscópica e bléfaro”, um procedimento para suavizar os sinais de envelhecimento. O pagamento foi feito por vários depósitos em dinheiro e uma transferência bancária de uma empresa de fachada.
Além de despesas pessoais, os documentos apreendidos revelam ainda a movimentação financeira da organização criminosa com a venda de entorpecentes.
A anotação aponta a venda de 466 unidades, comercializadas por US$ 4,7 mil cada, gerando um montante de US$ 2,190 milhões. Na cotação atual, o montante movimentado pelo traficante é de mais de R$ 10 bilhões.
Em outra conversa por aplicativo descoberta no celular de Dom, ele fala com o irmão sobre a compra de armas, a partir de Dubai, nos Emirados Arabes. A conversa acontece entre junho e julho de 2018.
As mensagens ainda mostram quanto pagava a integrantes de sua milícia paramilitar. Em mensagem, Dom determina o pagamento de R$ 100 mil a Lugui, como era conhecido Luís Guilherme Chaparro Fernandes. O paramilitar foi um dos seis presos na operação Dominus, na sexta-feira (30).
Outros cinco estão foragidos, entre eles, os três estrangeiros. Veja quem são os integrantes dessa força paramilitar.