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    porto velho, sábado 15 de fevereiro de 2025

Preços dos ovos disparam e atingem valores recordes no Brasil; R$ 263,42 a caixa

Produção menor tem elevado as cotações a valores históricos


G1

Publicada em: 14/02/2025 10:26:12 - Atualizado

BRASIL: A baixa oferta de ovos no mercado interno e o aumento da demanda levaram as cotações dos ovos a atingirem, na quarta-feira (12/2) o maior patamar diário da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.

Em termos reais, ou seja, considerando-se a inflação do período, o valor da proteína em Santa Maria de Jetibá, importante polo produtor do Espírito Santo, é o maior da série: R$ 233,69 a caixa de 30 dúzias de ovos brancos. Para os ovos vermelhos, a cotação estava em R$ 263,42 a caixa.

O movimento de alta, que se iniciou na segunda quinzena de janeiro e se intensificou em fevereiro, é sentido em todas as praças do Cepea. Na cidade de Bastos (SP), conhecida como “Capital do Ovo”, os ovos brancos já estão mais de 20% mais caros do que há um ano.

Em 14 de fevereiro do ano passado, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos custava R$ 168,58 em Bastos e, hoje, chega a R$ 208,97. Já os ovos vermelhos valiam R$ 196,94, e hoje são negociados a R$ 240,21.

Segundo Cláudia Scarpelin, pesquisadora do Cepea de ovos, o ano de 2024 teve uma alta na produção de ovos de 10,5% entre janeiro e setembro, nos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levando a uma queda prolongada dos preços. Assim, os produtores controlaram um pouco mais a oferta para o início do ano, período em que, tradicionalmente, há uma menor demanda em razão das férias escolares.

Contudo, com o retorno do calendário escolar, há um pico de demanda, explica a pesquisadora, provocando uma alta dos preços. “A expectativa é de que continue em preços mais elevados até o período de Quaresma, em que tradicionalmente já tem uma demanda elevada. Após a Quaresma é que vamos poder observar se esse patamar vai se manter”, diz Scarpelin.

Alta ao consumidor

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), desde a segunda quinzena de janeiro, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes que, nesta semana, já chegam a 40% em diversas regiões do país.

“As empresas iniciaram a programação de abastecimento das lojas para atender à demanda sazonal da Quaresma, mas a restrição na oferta e os aumentos sucessivos de preços preocupam os supermercados. Além disso, o consumidor também tem recorrido mais aos ovos de galinha devido à alta dos preços das demais proteínas”, explica Marcio Milan, vice-presidente da Abras.

Outros fatores

Em algumas regiões do país, como no Rio Grande do Sul, outros fatores contribuem para a alta dos preços e, em especial, a cautela do produtor, explica o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), José Eduardo dos Santos.

As enchentes de maio e junho de 2024, por exemplo, atingiram plantéis, mas também a logística para chegada de ração e para o escoamento da produção, o que levou as granjas a reduzirem a produção. Em junho, com o advento da doença de Newcastle em Anta Gorda (RS), se “reforçou a necessidade de ter uma maior cautela” até que a situação se normalizasse, explicou.

Além disso, o calor que atingiu o Estado nas últimas semanas, com temperaturas chegando aos 40 graus, também afetam a produção. “O calor afeta o sistema produtivo, as aves são sensíveis, elas comem menos, algumas não resistem, tem mortalidade, colocam menos ovos e frangos diminuem o peso”, diz Santos.

Exportações

O presidente ainda explica que, com a crise dos ovos nos Estados Unidos, onde há uma falta na oferta e elevação dos preços, há uma maior busca por exportações dos produtos brasileiros. As indústrias no Rio Grande do Sul, por exemplo, já começam a ser procuradas por mercados que, antes, eram atendidos pelos americanos, como o Oriente Médio e a África, conta Santos.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, “o Brasil tem elasticidade para aumentar as exportações sem comprometer a oferta interna, e é isso que a gente deve observar daqui para a frente”. Os presidentes das duas associações são enfáticos em um mesmo ponto: não vai faltar ovo para o consumidor brasileiro.

As exportações brasileiras de ovos, tanto in natura quanto processados, totalizaram 2.357 toneladas em janeiro, segundo dados divulgados pela ABPA nesta terça-feira (11/2). O volume supera em 22,1% o total exportado no mesmo mês do ano passado.

A receita das exportações de ovos somou US$ 4,186 milhões em janeiro, 22,8% a mais que em janeiro de 2024.

Scarpelin explica que o mercado externo tem sido mais atrativo no momento, mas que a exportação ainda representa uma parcela muito pequena da produção brasileira, inferior a 1%. “Mas com a oferta mais restrita, qualquer incremento pode contribuir para a disponibilidade no Brasil”, pontua a pesquisadora.



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