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porto velho, terça-feira 29 de julho de 2025
Em meio à escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar duramente o ex-presidente americano Donald Trump, que tem prometido, a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos estrangeiros. Embora Lula tente se posicionar como defensor de um mundo multipolar e crítico do protecionismo, suas declarações chamam a atenção para um ponto crucial: o alto custo que o Brasil pode pagar caso essas tarifas se concretizem.
Durante um recente pronunciamento, Lula classificou as políticas de Trump como “isolacionistas” e “nocivas ao comércio global”, afirmando que medidas tarifárias tão agressivas “penalizam economias emergentes e aprofundam desigualdades no sistema internacional”. A crítica, embora tenha forte viés ideológico, também carrega uma dose de pragmatismo: caso Trump retorne ao poder e leve adiante seu plano de tarifas elevadas, o impacto sobre o agronegócio e a indústria brasileira pode ser direto e devastador.
O Brasil, que tem nos Estados Unidos um de seus principais parceiros comerciais, poderia sofrer restrições significativas na exportação de produtos como aço, alumínio, carne e manufaturados, afetando não apenas a balança comercial, mas milhares de empregos ligados à cadeia de exportação. A imposição de tarifas de 50% por parte de um eventual governo Trump representaria uma barreira quase intransponível para produtos brasileiros, que perderiam competitividade frente a concorrentes de mercados internos americanos.
Especialistas em comércio exterior alertam que o país já enfrenta desafios suficientes para manter sua presença em mercados estratégicos e que, ao adotar um tom confrontador com figuras como Trump, Lula pode estar se distanciando de um parceiro crucial em um momento de crescente incerteza geopolítica. A retórica, embora coerente com a política externa de Lula de aproximação com os BRICS e crítica ao unilateralismo norte-americano, pode ter efeitos colaterais concretos e custosos.
O governo brasileiro terá o desafio de equilibrar discurso e diplomacia. As críticas de Lula podem até ecoar entre aliados progressistas e em fóruns internacionais, mas o Brasil corre o risco de ser arrastado para uma guerra tarifária que não iniciou, mas da qual pode sair profundamente prejudicado. Em vez de se posicionar apenas como observador indignado, o país talvez precise agir como mediador pragmático — sob pena de pagar um preço alto demais no comércio global.