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porto velho, segunda-feira 27 de outubro de 2025

PORTO VELHO-RO: Em Rondônia, onde o bolsonarismo fincou raízes profundas nos últimos anos, muito embora esteja bastante fatiado no momento, a esquerda dá sinais claros de reorganização.
Com o nome do ex-governador Confúcio Moura-MDB despontando para disputar novamente o Palácio Rio Madeira, e a possível composição de uma chapa com Airton Gurgacz como vice, e já tida como certa, um novo desenho político começa a surgir no horizonte. A estratégia é ambiciosa: reconstruir o campo progressista e formar uma bancada competitiva, capaz de fazer frente ao conservadorismo dominante e às forças tradicionais do poder estadual.
Mesmo sob o peso de uma década de derrotas, os articuladores de esquerda mostram que não pretendem permanecer na penumbra. O Partido dos Trabalhadores, junto a legendas que orbitam o governo Lula, tem se reunido discretamente para montar uma frente sólida — uma espécie de aliança vermelha e verde, unindo capital e interior sob uma nova bandeira de reconstrução.
Entre os nomes cogitados aparece Fátima Cleide, ex-senadora e o ex-presidente da Assembleia Hermínio Coelho e o ex-prefeito Roberto Sobrinho. Embora tenha manifestado interesse em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, pressões internas e externas insistem para que ela volte a mirar a Câmara Federal.
Outro nome que retorna ao tabuleiro é o do empresário e ex-secretário de Obras de Porto Velho, Edson Silveira, que deve concorrer também à Câmara Federal, levando consigo a marca do militante de esquerda aguerrido, mesmo nos momentos de provação que partido passou na roubalheira do mensalão e petrolão.
Ramon Cujuí, por sua vez, representa a nova geração petista que busca consolidar espaço e dar novo fôlego à militância. Ele deve disputar uma cadeira na ALE/RO, somando-se à ala que defende uma política mais próxima das bases e menos refém das grandes estruturas partidárias.
No interior, a possível volta de Anselmo de Jesus, ex-deputado federal por três mandatos e figura histórica da esquerda rondoniense, pode simbolizar o reencontro do partido com suas origens rurais e sindicais. Embora afastado da vida pública, seu nome ainda ecoa em Ji-Paraná e em comunidades que outrora o elegeram com ampla votação.
Com esse mosaico de velhas lideranças e novos atores, a esquerda rondoniense tenta ressurgir das cinzas, num movimento que mistura resistência, memória e esperança. Ainda é cedo para dizer se o eleitorado, fortemente alinhado à direita, abrirá brechas para essa reconstrução. Mas uma coisa é certa: o silêncio ideológico que pairava sobre Rondônia começa a ser rompido, e 2026 promete ser o ano em que o vermelho mesmo sendo minoria, começa a disputar espaço nas urnas — com estratégia, fôlego e, quem sabe, com o voto da saudade de quem despreza os malfeitos dos companheiros e vida que segue.