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    porto velho, quinta-feira 26 de dezembro de 2024

Falta de critério na concessão de Títulos vira piada em Porto Velho

É preciso que a população de Porto Velho e de Rondônia reaja contra esse tipo de abuso...


Redação

Publicada em: 26/12/2024 10:10:27 - Atualizado

imagem mercado livre

PORTO VELHO - RO - A concessão de títulos honorários pelas Casas Legislativas de Porto Velho e da Assembleia Legislativa de Rondônia se transformou em uma verdadeira piada, que beira o absurdo, principalmente nos fins de ano.

A premiação ao invés de servir como uma ferramenta para reconhecer e valorizar aqueles que realmente contribuíram para o desenvolvimento da cidade e do estado, os títulos de cidadão honorário, de Rondônia e outras honrarias, se tornaram objetos de troca de favores e uma expressão da falta de critério e seriedade dos parlamentares.

Recentemente, a Câmara de Porto Velho foi palco de uma situação no mínimo controversa: um vereador, supostamente ligado à área da saúde, homenageou um indivíduo acusado de tráfico de drogas. Como justificar tamanha incoerência? Premiar alguém com um título de cidadania honorária que não tem qualquer relação com a melhoria da qualidade de vida da população ou o progresso de Porto Velho é, no mínimo, um escárnio.

A concessão de um título de cidadão a uma pessoa envolvida com atividades ilícitas é uma afronta aos cidadãos que, de fato, dedicam suas vidas ao bem-estar coletivo.

Além disso, o absurdo vai além. Recentemente, o parlamento estadual decidiu conceder um título de cidadão honorário ao próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em reconhecimento aos seus “relevantes serviços prestados ao Estado”. Não é difícil perceber o quão destoante essa homenagem está fora da realidade e das necessidades da população de Porto Velho. O que ele contribuiu para o desenvolvimento da cidade ou do estado de Rondônia? Nada. E essa é a questão: os títulos honorários estão sendo usados como moeda de troca política, em vez de serem oferecidos a quem realmente merece, que são os cidadãos que, efetivamente, pavimentaram os caminhos para permitir Rondônia chegar aonde chegou ou àqueles que têm trabalhado e dedicado suas vidas ao progresso da região.

Esses episódios reforçam uma prática errada e perigosa que está se tornando cada vez mais comum nas Casa Legislativas de Porto Velho e do Estado.

O que deveria ser um ato de reconhecimento pelo trabalho árduo e pela contribuição de cidadãos à sociedade se transformou em um balcão de negócios e favores pessoais. Amigos de parlamentares são agraciados com títulos simplesmente por serem próximos ou aliados políticos, sem qualquer análise objetiva sobre o que fizeram de relevante para a cidade e o estado.

É preciso que a população de Porto Velho e de Rondônia reaja contra esse tipo de abuso. Existem, sim, pessoas que merecem receber essas honrarias por atos de relevante interesse social, por ações que impactaram positivamente a vida da comunidade. Mas é inaceitável que os títulos sejam usados como instrumentos de autopromoção política, desconsiderando a verdadeira importância e os feitos de quem realmente contribui para o bem-estar da sociedade.

Em tempos em que a credibilidade das instituições públicas está sendo cada vez mais questionada, é urgente que a Câmara de Porto Velho e a Assembleia Legislativa revejam seus critérios para a concessão de títulos honorários.

Do contrário, continuarão a desvirtuar um dos poucos mecanismos de reconhecimento legítimo que temos, tornando-o uma simples ferramenta de barganha política.


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