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porto velho, quinta-feira 3 de julho de 2025
PORTO VELHO - RO - A entrega do título de Cidadão de Rondônia ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir de Araújo Xaud, pela Assembleia Legislativa na última terça-feira (2), gerou desconforto e críticas por parte de diversos segmentos da sociedade rondoniense.
Xaud, que jamais havia visitado Rondônia antes da última terça-feira (1º), é nascido no Rio de Janeiro e assumiu o comando da CBF envolto em polêmicas, incluindo suspeitas de grilagem de terras e denúncias por improbidade administrativa. Sua conexão com o estado é praticamente inexistente — o que torna a honraria, para muitos, uma afronta ao seu real propósito.
A cerimônia, realizada com pompa, evidenciou o distanciamento entre a Assembleia Legislativa e o sentimento da população neste caso. Para críticos, o gesto expõe a banalização de uma das maiores comendas concedidas pelo Parlamento estadual, que deveria enaltecer personalidades com trajetória de serviço e dedicação à Rondônia.
Enquanto o futebol rondoniense, tendo um presidente da Federação vitalício no cargo e amarga décadas de abandono, com estádios sucateados, calendário amador e clubes desamparados, a escolha por homenagear uma figura nacional sem histórico de apoio ao esporte local soa como descompasso institucional. O gesto foi interpretado por muitos como uma tentativa de bajulação ou de alinhamento político com interesses alheios ao cotidiano rondoniense.
O caso acendeu o debate sobre os critérios que pautam a concessão da honraria. Há quem questione se a Assembleia ainda compreende o verdadeiro peso simbólico que títulos como esse carregam — ou se, aos poucos, a comenda tem sido esvaziada por decisões de ocasião.
O risco, agora, é que homenagens legítimas acabem perdendo valor diante da desconfiança pública. Alguns condecorados do passado já manifestam indignação e cogitam devolver seus títulos como forma de protesto silencioso.
Diante do desgaste, vozes da sociedade civil pedem uma revisão urgente nos critérios de escolha. Mais do que celebrar nomes conhecidos, o título de Cidadão Rondoniense deveria voltar a ser símbolo de gratidão àqueles que caminharam ao lado do povo e contribuíram, de fato, para o desenvolvimento do estado e não para bajulação de alienígenas alheios a vidinha pacata de seu povo.