PORTO VELHO — RO – A ex-senadora Fátima Cleide-PT resolveu reacender as turbinas políticas, ainda que a quilômetros de distância. Morando em Brasília, onde o ar é rarefeito e as ideias circulam melhor pelos corredores do poder, Fátima parece disposta a transformar a saudade de Porto Velho em projeto eleitoral — de preferência, com bilhete de volta ao Congresso Nacional.

Longe das bases, mas perto dos grupos de WhatsApp, a petista de carteirinha vem articulando “de longe” o que chama de “reconstrução política de Rondônia”. Ironias à parte, não há dúvidas de que o Wi-Fi anda mais ativo que muitos parlamentares rondonienses, que seguem na confortável sombra do baixo clero — aquele mesmo, das selfies nos ministérios e discursos que cabem em legendas de Instagram.

Fátima, que surfou na maré lulista nas últimas eleições e garantiu quase 29 mil votos, agora vislumbra um retorno triunfal em 2026. A aposta é ousada: reconquistar o eleitorado de um estado majoritariamente conservador sem sair muito do Plano Piloto. Talvez confie que o eleitor rondoniense acompanhe suas lives políticas direto da capital federal e isso se transforme em votos.

Enquanto isso, Sílvia Cristina-PL segue sendo a única voz ativa da bancada federal, especialmente na área da saúde. Já os demais deputados, com exceção de Chrisóstomo-PL que ganha tudo no grito e Confúcio aliado de Lula, os outros parecem ter se especializado em “mandatos de camarim”, sempre prontos para uma foto e raramente para uma pauta de impacto.

Do alto de seu apartamento em Brasília, Fátima observa — e comenta — o vazio político de Rondônia, como quem assiste a uma série com final previsível. Se confirmar a candidatura a deputada federal, terá o desafio de provar que ainda pertence à cena local, e não apenas às reuniões de gabinete do eixo DF.