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    porto velho, sábado 8 de novembro de 2025

Falha na coleta transforma cidade de Porto Velho em lixão a céu aberto

A crise, apelidada nas redes sociais de “guerra do lixo”, escancara a incapacidade do consórcio ECO PVH...


Redação

Publicada em: 08/11/2025 12:02:59 - Atualizado

Foto: Reprodução

PORTO VELHO, RO - Porto Velho vive dias de indignação e mau cheiro. O que era para ser um serviço essencial virou símbolo do colapso urbano: a coleta de lixo simplesmente parou de funcionar em diversos bairros da capital. Sacolas rasgadas, entulho e restos de alimentos se acumulam nas calçadas, transformando ruas inteiras em depósitos improvisados de resíduos. A crise, apelidada nas redes sociais de “guerra do lixo”, escancara a incapacidade do consórcio ECO PVH, responsável pelo serviço, de manter o padrão que a cidade tinha antes da mudança contratual.

Consórcio sem estrutura e capital sufocada pelo descaso

Desde o fim de outubro, o sistema de coleta entrou em colapso. A ECO PVH, que assumiu o serviço sem estrutura adequada, não conseguiu garantir sequer as rotas básicas de recolhimento. Caminhões quebrados, equipes reduzidas e falhas de logística se tornaram rotina. O resultado é uma cidade imersa no lixo — bairros inteiros ficaram dias sem atendimento, expondo milhares de moradores a riscos sanitários.

A situação se agravou com a chegada das primeiras chuvas de novembro, que espalharam os resíduos pelas ruas e entupiram bueiros, aumentando o risco de enchentes e proliferação de doenças. O cenário, que causa repulsa e revolta, revela o despreparo do consórcio e a fragilidade da fiscalização pública.

ARDPV reage e impõe prazos

Pressionada pela população, a Agência Reguladora e de Desenvolvimento de Porto Velho (ARDPV) reagiu com firmeza. Em despacho assinado pelo diretor técnico Alex Teixeira, a empresa foi intimada a comprovar, em 48 horas, o cumprimento das rotas e a apresentar um plano emergencial de atendimento. O documento também prevê multas diárias de até 1% do valor do contrato e a possibilidade de rescisão, caso as falhas persistam.

O presidente da autarquia, Oscar Dias Neto, reforçou que a ARDPV atua “com rigor e transparência” e não permitirá que o cidadão pague pela ineficiência de quem assumiu a obrigação de manter a cidade limpa.

População cobra respostas

Enquanto o impasse se arrasta, com a justiça e órgão fiscalizadores divergindo, os moradores convivem com o odor e a desordem. Famílias improvisam barreiras para conter o lixo que se acumula diante das casas. Comerciantes reclamam da queda no movimento por causa da sujeira e do risco à saúde.

Porto Velho assiste, mais uma vez, à repetição de um velho roteiro: um contrato milionário, uma empresa sem preparo e um serviço público que desaba sobre o cidadão. 

O lixo espalhado pelas ruas já não representa apenas a ineficiência da coleta — é o espelho da sujeira administrativa que a capital se recusa a varrer.


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