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porto velho, segunda-feira 1 de setembro de 2025
PORTO VELHO - RO - A aviação comercial em Rondônia transformou-se em um retrato do descaso com o consumidor. Enquanto os voos saem e chegam sempre lotados, a oferta de assentos desaba ano após ano. Em uma década, o Estado caiu de 6.017 voos anuais para apenas 2.650, e o número de lugares disponíveis despencou de 788 mil para pouco mais de 421 mil. Para completar o cenário de desprezo, a Azul Linhas Aéreas praticamente já não opera mais em Rondônia, reduzindo ainda mais as alternativas da população.
Apesar da gravidade, reina o silêncio. Nem a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), nem o Governo do Estado, tampouco a bancada de deputados e senadores de Rondônia em Brasília se manifestam com firmeza diante dessa humilhação. O passageiro rondoniense segue pagando caro, recebendo pouco e sendo tratado como consumidor de segunda categoria.
A cada semana, novos episódios reforçam esse desrespeito. No mais recente, um voo da Gol, que saiu de Porto Velho com escala em Manaus e destino final em Brasília, sofreu atraso de mais de quatro horas porque obras de reparo na pista amazonense começaram sem qualquer aviso prévio. Vários rondonienses perderam compromissos médicos e reuniões oficiais na capital federal. No fim, o prejuízo é sempre do passageiro, e a responsabilização das empresas, quando existe, é rara e quase nunca cobre o dano real.
Enquanto isso, a representação política de Rondônia em Brasília permanece calada. Não há pressão contra as companhias, não há cobrança à ANAC e não há sequer reação pública ao abandono do Estado no setor aéreo. Esse silêncio ensurdecedor abre caminho para que as empresas sigam debochando da cara dos consumidores, sem receio de punição.
Hoje, Rondônia amarga a última posição no ranking nacional de oferta aérea — e, se nada mudar, continuará sendo ignorada pelas companhias e pelas próprias autoridades que deveriam defendê-la.