Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 17 de maio de 2025
Hoje celebramos o aniversário de Humaitá, nossa cidade. Vale lembrar que, antes da assinatura do Tratado de Ayacucho de 1867, os territórios bolivianos se estendiam até próximo da localidade do Crato, que era o posto avançado de fiscalização mais distante no Rio Madeira. O Crato remonta ao século XVIII, quando ouro vindo do Guaporé era escoado por essa região. Naquele período, ocorria a Guerra do Paraguai (1864-1870), e a Bolívia simpatizava com Solano Lopes, forçando o Brasil a assinar tal Tratado, mas que fez a Bolívia perder quase toda sua margem esquerda do Rio Madeira.
A província do Amazonas foi criada por D. Pedro II, em 5 de setembro de 1850, pela Lei nº 582, com o objetivo de separar a região da Província do Grão-Pará, tinha preocupação com o Rio Madeira que era amplamente controlado e navegado pela Bolívia, que começou a extrair látex muito antes do Brasil, pois o auge no solo brasileiro dessa atividade ocorreu apenas por volta de 1872-1920, conhecido popularmente como primeiro ciclo da borracha.
Em 02 de novembro de 1864, antes da Guerra do Paraguai, um destacamento militar com 10 homens foi estabelecido onde hoje se localiza Porto Velho, próximo à cachoeira de Santo Antônio do Rio Madeira, reforçado em fevereiro de 1865 com mais 30 militares da Guarda Nacional (SILVA, 2023). Foi nesse contexto que aventureiros portugueses adentraram a Amazônia em busca do látex. Entre eles estavam os amigos Antônio Rodrigues Pereira Labre e José Francisco Monteiro. Labre seguiu o rio Purus e fundou Lábrea, enquanto Monteiro subiu o rio Madeira e fundou Humaitá.
José Francisco Monteiro, um comerciante, foi um dos primeiros colonizadores da região, chegando em 15 de maio de 1869. Nessa época, a Missão de São Francisco, fundada pelos jesuítas em 1693, estava instalada em um local chamado Pasto Grande, no Rio Preto, próximo à atual cidade. Devido aos ataques frequentes dos indígenas, que viam a chegada dos colonizadores como uma ameaça à sua sobrevivência (eles não estavam enganados), a sede da Freguesia foi transferida em 1888 para o local onde hoje está a sede do município, com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Belém de Humaitá. Essa transferência ocorreu por meio da Lei nº 790/1888, sendo conduzida pelo comendador.
A origem do nome "Humaitá" tem diferentes interpretações. Thompson sugere que a palavra tem origem indígena, do tupi-guarani, significando "pedra negra agora". Já Machado, em seu dicionário etimológico português, sugere que deriva do tupi "mbaitá", que significa "papagaio pequeno". Na língua da etnia Parintintin, "mu`tá" significa "pau atravessado", remetendo a uma prática antiga de fazer armadilhas para caça e pesca perto do Porto da Anta, onde avistavam toras de madeira descendo o rio abaixo. No entanto, o fundador do município deu esse nome em referência a uma das batalhas travadas pelo Brasil contra o Paraguai no Forte Humaitá.
Celebrar o aniversário de Humaitá é reconhecer a riqueza de sua história e o papel estratégico que o município desempenhou na consolidação da presença brasileira na região amazônica. Localizada às margens esquerda do Rio Madeira, Humaitá foi palco de importantes episódios históricos, desde os tempos das missões jesuíticas até a ocupação militar em pleno contexto da Guerra do Paraguai. A fundação da cidade por José Francisco Monteiro, em 1869, representa o início de um processo de colonização que desafiou tanto a geografia quanto as tensões com os povos originários. Sua história está profundamente entrelaçada com os interesses econômicos e geopolíticos do Império Brasileiro, especialmente diante da disputa por controle sobre os rios navegáveis e os recursos naturais da Amazônia.
Hoje, ao celebrarmos mais um aniversário dessa cidade, é importante valorizar a diversidade cultural, as raízes indígenas e caboclas que moldaram sua identidade, e os caminhos fluviais que desde o século XVIII fazem de Humaitá um elo essencial entre o Norte e o Centro-Oeste do Brasil. A memória de sua fundação, suas transformações políticas e econômicas, e sua importância histórica no contexto da expansão nacional devem ser lembradas com orgulho e consciência. Humaitá é mais que um ponto no mapa é testemunha viva da resistência, da ocupação e da brasilidade que se fortaleceu a aurora do dia 15.