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porto velho, segunda-feira 23 de dezembro de 2024
No dia seguinte ao anúncio do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, o comando diplomático americano esclareceu que não quer uma troca de regime no país persa, e sim "mudar o seu comportamento".
"Não acreditamos que o Irã tenha internalizado os riscos que o seu comportamento acarreta", disse Andrew Peek, responsável por relações com o Irã e o Iraque no Departamento de Estado.
"Sua conduta envolvendo uma série de atividades perniciosas nos impulsiona a concordar com nossos parceiros regionais que medidas políticas e econômicas precisam ser tomadas."
Nesse ponto, Peek deixou claro que Washington deu mais ouvidos a aliados do Oriente Médio, como Israel e a Arábia Saudita, do que aos europeus, que se opuseram à saída dos EUA desse acordo nuclear firmado há três anos.
Semanas antes do anúncio de Trump, lideranças da França, da Alemanha e do Reino Unido estiveram em Washington tentando convencer o presidente a não jogar fora o pacto sem ter uma alternativa.
Depois do anúncio do republicano, os mesmos países se manifestaram dizendo que vão lutar para manter as condições do acerto, sugerindo que Washington poderia ser punido nas Nações Unidas por abandonar a medida assinada também por Rússia e China.
Em entrevista coletiva, Peek, da chancelaria americana, disse que a decisão dos Estados Unidos é de "deixar o acordo e não violar o acordo". Mas ele também se esforçou para minimizar o atrito com os aliados do país na Europa.
"Vamos deixar claras nossas preocupações aos nossos parceiros europeus e caminharemos adiante juntos", disse. "Entendo que não concordamos 100% em tudo, mas concordamos que o Irã representa uma ameaça e isso vai nos orientar daqui para a frente."
Mas essa caminhada será difícil. Peek afirmou que empresas com negócios no Irã tem uma janela de três a seis meses para suspender suas atividades ali; caso contrário, serão punidas por novas sanções.
Esse é um dos pontos que torna quase impossível uma cooperação entre Washington e a Europa, como vislumbra o Departamento de Estado, já que gigantes como a petroleira Total e a fabricante de aeronaves Airbus, ambas francesas, teriam muito a perder ali.
"Esse é o atrito da diplomacia", diz Peek. "Mas vamos voltar a explicar as ameaças e estamos confiantes que chegaremos a um ponto em que nossos parceiros vão reduzir os seus investimentos no Irã."