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porto velho, sábado 13 de setembro de 2025
MUNDO: Durante séculos, a medicina europeia recorreu a remédios que hoje nos chocam: um deles foi a chamada mumia, um pó ou unguento produzido a partir de corpos mumificados egípcios ou de substâncias resinosas confundidas com elas.
Entre aproximadamente os séculos 12 e 17, e com vestígios de uso até além desse período, a mumia circulou por boticas e cortes reais como um remédio versátil, indicado para tudo, de fraturas a hemorragias e convulsões. A origem desse costume mistura traduções equivocadas, tradição médica árabe e uma demanda crescente por “medicamentos exóticos” na Europa renascentista.
A história começa com uma palavra: mūmiyā (árabe), que designava originalmente um tipo de betume (mistura líquida de alta viscosidade, cor escura e é facilmente inflamável) ou asfalto medicinal, um exsudato natural usado em partes do Oriente Médio para tratar feridas e fraturas.
Traduções latinas da medicina árabe, feitas a partir do século 12, confundiram esse betume com o produto usado na mumificação egípcia. Por consequência semântica e prática, o termo passou a abranger tanto o betume natural quanto os restos embalsamados encontrados em sepulturas egípcias, e os europeus começaram a buscar fontes de “mumia” nos túmulos do Nilo.