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    porto velho, domingo 26 de outubro de 2025

Operações de imigração afetam vida dos latinos nos Estados Unidos: "Medo e Incerteza"

O impacto emocional e psicológico das detenções é real, afirma à CNN María Abellón, advogada de imigração e também formada em psicologia


CNN

Publicada em: 04/10/2025 13:21:43 - Atualizado


MUNDO: María Manzano tenta manter a firmeza na voz, mas seus olhos a denunciam. Parada atrás do balcão de sua loja, que já foi um negócio gastronômico próspero e agora mal consegue cobrir as despesas, ela não consegue enxergar o futuro. Tem 70 anos, chegou a Los Angeles nos anos 90, vindo de El Salvador. Foram anos bons, diz ela, mas agora não sabe mais como seguir.

“Não se quer jogar a toalha, mas as coisas estão indo para trás”, diz Manzano em entrevista à CNN. Assim como para ela, para milhares de migrantes nos Estados Unidos a visão do futuro fica sombria e incerta, em meio à dura política migratória da administração de Donald Trump.

Para Manzano, a visão do salão vazio causa angústia. Ela mexe repetidamente com uma grande colher as comidas que preparou no início do dia, quando esperava que aquela fosse uma jornada cheia de clientes. Mas a intensificação das operações migratórias na região fez com que cada vez menos pessoas passassem ali para comprar comida, conta ela. “As pessoas têm medo, não saem porque têm medo de serem presas.”

Um impacto que vai além do momento

O impacto emocional e psicológico das detenções é real, afirma à CNN María Abellón, advogada de imigração e também formada em psicologia. “Para muitas pessoas, seus negócios, sua vida diária mudaram muito, e elas estão limitando onde saem, o que fazem, que interações escolhem ter e quais evitam para tentar evitar qualquer problema”, acrescenta.

Isso afeta não só aqueles que estão sem documentação ou aguardando um processo migratório. Parece impactar particularmente os migrantes latinos em geral, independentemente do seu status migratório, segundo a especialista.

Manzano é residente legal dos Estados Unidos e chegou ao país pouco depois dos 30 anos. Em Los Angeles, a esperava sua irmã e, pouco depois, conseguiu seu primeiro emprego como funcionária em uma padaria.

Desde 6 de dezembro de 1999, dia em que inaugurou sua própria loja, ela se levanta às 4h30 da manhã para abrir ao público às 6h. Amassa pão e prepara comidas caseiras: seu forte são os cafés da manhã, mas muitos clientes iam até seu estabelecimento em busca de seus caldos de galinha ou de peixe.



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