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    porto velho, quarta-feira 29 de outubro de 2025

Imprensa internacional repercute megaoperação no Rio de Janeiro: "Cenas de guerra"

Operação mais letal da história do Rio de Janeiro deixou ao menos 64 mortos


cnn

Publicada em: 28/10/2025 17:13:42 - Atualizado


A imprensa internacional repercutiu a megaoperação policial que deixou mais de 60 mortos no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28).

A ação no Complexo do Alemão já é considerada a operação policial mais letal da história do estado. Segundo as forças de segurança do Rio, morreram 60 criminosos, dois policiais civis e dois policiais militares do BOPE.

O jornal britânico The Guardian destacou que a operação começou antes do amanhecer nos arredores do Complexo do Alemão e da Penha, onde vivem cerca de 300 mil pessoas.

"Ativistas de direitos humanos e políticos da oposição expressaram indignação com o derramamento de sangue", destacou o Guardian.

A emissora alemã DW (Deutsche Welle) chamou atenção ao fato da capital fluminense estar prestes a sediar grandes eventos relacionados à COP30: a cúpula C40, que reunirá prefeitos das principais cidades do mundo; e o Earthshot Prize, concedido anualmente pelo príncipe William, a cinco vencedores por suas contribuições ao meio ambiente.

"O Rio já testemunhou operações policiais em larga escala e, às vezes, pesadas, visando áreas mais pobres e assoladas pelo crime antes de eventos internacionais, com batidas semelhantes antes dos jogos da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016, da cúpula do G20 do ano passado e da cúpula do BRICS no início deste ano", pontuou a DW.

    O periódico argentino Clarín destacou as "cenas de guerra no Rio de Janeiro". "Um vídeo mostra quase 200 tiros disparados em um minuto, em meio a nuvens de fumaça", escreveu o jornal.

    "Apesar do enfraquecimento, o Comando Vermelho continua controlando partes do Rio de Janeiro. É comum ver as ruas de muitas favelas cariocas marcadas com a sigla CV", acrescentou.

    A rádio pública francesa RFI destacou que as autoridades de segurança mobilizaram "dois helicópteros, 32 veículos blindados e 12 veículos de demolição usados ​​para destruir barricadas erguidas por traficantes de drogas para impedir a entrada da polícia nas ruas estreitas das favelas".

    O jornal espanhol El País reforçou o fato de que a operação policial já é a mais mortal da história da cidade.

    "O Rio de Janeiro, destino turístico, antiga capital e lar de seis milhões de habitantes, é simultaneamente uma cidade altamente desigual, acostumada à violência, mas as doses aplicadas nesta terça-feira são extraordinárias, mesmo para os moradores locais", escreveu o El País.

    O argentino La Nación destacou as declarações do governador Cláudio Castro (PL), nas quais afirmou que a operação é "uma ação em defesa do Estado".

    Um dos jornais mais tradicionais de Portugal, o Público pontuou que membros do Comando Vermelho teriam utilizado drones para lançar granadas contra policiais.

    "Nos últimos anos, têm-se multiplicado as intervenções militares contra grupos criminosos no Rio de Janeiro. Em 2021, 28 pessoas morreram em circunstâncias similares na favela do Jacarezinho, no Norte do estado", escreveu.

    Objetivo da Operação Contenção

    A ação, batizada de Operação Contenção, faz parte de uma iniciativa do Governo do Estado para combater a expansão territorial do CV (Comando Vermelho) e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e em outros estados.

    Os policiais tentam cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do CV — entre os alvos, 30 são de outros estados, com destaque para membros da facção no Pará, que estariam escondidos nessas regiões.

    Até a última atualização, 81 pessoas já tinham sido presas. Dois suspeitos baleados estão sob custódia no Hospital da Penha.

    Ainda durante a operação, três moradores vítimas de bala perdida foram socorridos ao Hospital Getúlio Vargas. Entre elas, uma mulher foi atingida de raspão enquanto estava na academia e já recebeu alta.

    Um policial do Bope foi baleado de raspão na perna durante uma incursão na área de mata do Complexo do Alemão. De acordo com o comando da unidade, o agente foi ferido durante troca de tiros e foi socorrido ao Hospital Central da Corporação no bairro do Estácio. Ele não corre risco de morte.

    O delegado Bernardo Leal, da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), também foi atingido por um tiro na perna durante a operação. Segundo informações da corporação, ele está bem e fora de risco.

    Entre os presos na ação está um suspeito apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como "Doca" ou "Urso", um dos chefes do Comando Vermelho.

    A polícia também apreendeu dez fuzis, uma pistola, três celulares e nove motos.


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