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porto velho, domingo 22 de dezembro de 2024
MUNDO- A China intensificou seus ataques contra o governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira (9) devido a bilhões de dólares em ameaças de tarifas, dizendo que Washington seria o culpado pelos atritos e repetindo que é impossível negociar sob as "circunstâncias atuais".
"Até agora, as autoridades americanas e chinesas não se comprometeram em nenhuma negociação sobre os diferenças comerciais. Nas condições atuais é impossível para ambas as partes manter conversações sobre o tema", disse Geng Shuang, porta-voz da diplomacia chinesa em uma entrevista coletiva.
As declarações foram dadas depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, previu no domingo que a China vai retirar suas barreiras comerciais, e expressou otimismo de que ambos os lados podem resolver a questão através de negociações.
Pesquisadores estatais chineses e a mídia minimizaram o possível impacto das medidas comerciais dos EUA sobre a segunda maior economia do mundo e descreveram a postura do governo norte-americano sobre o comércio como o produto de um "distúrbio de ansiedade".
Segundo o porta-voz, os atritos comerciais devem-se "inteiramente à provocação dos EUA". "Os EUA com uma só mão exercem a ameaça de sanções, e ao mesmo tempo eles querem negociar", acrescentou.
Pequim não queria disputar uma guerra comercial, mas não tem medo de uma, afirmou o vice-ministro de Comércio, Qian Keming, no Fórum Boao para Ásia.
O principal índice acionário da China mostrou fraqueza nesta segunda-feira. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, perdeu 0,03%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,26%.
O foco nesta semana estará sobre o fórum, com o presidente chinês, Xi Jinping, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, dando discursos na terça-feira.
As ameaças recíprocas entre Pequim e Washington foram quase diárias na última semana.
Na quinta-feira (5), Donald Trump disse que autoridades comerciais do país avaliariam US$ 100 bilhões em tarifas adicionais sobre a China, além dos US$ 50 bilhões já anunciados a produtos chineses, "diante da retaliação injusta" do país contra sobretaxas impostas anteriormente pelos EUA.
Na quarta-feira (4), a China anunciou que vai taxar em 25% as importações dos EUA sobre produtos como soja, aviões, carros, carne, uísque e produtos químicos. A medida foi uma retaliação aos planos do governo Trump de sobretaxar cerca de 1.300 produtos chineses.
Em seguida, a China protestou formalmente contra os Estados Unidos, na quinta-feira, ante a Organização Mundial de Comércio (OMC) pelas "medidas tarifárias sobre produtos chineses" que Washington considera aplicar.
O gigante asiático, que é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, já tinha anunciado a imposição de taxas para um conjunto de 128 produtos americanos, em resposta às tarifas que Washington anunciou no mês passado sobre as importações de aço e alumínios chineses.
Trump quer combater o déficit comercial dos Estados Unidos, considerado um resultado da fraqueza de seus antecessores.
A China é um dos principais alvos neste assunto. O déficit comercial americano ante Pequim (US$ 375,2 bilhões de dólares) levou Trump a pedir para autoridades chinesas "reduzirem imediatamente" este déficit em US$ 100 bilhões.
Washington critica em particular o sistema de coempresa imposto por Pequim às companhias americanas. Com o sistema, as empresas que desejam ter acesso ao mercado chinês precisam, obrigatoriamente, associar-se a um grupo local e compartilhar com este sua tecnologia