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porto velho, sábado 1 de fevereiro de 2025
A disputa pela liderança do Partido Conservador britânico expõe também a transfobia dos candidatos a sucessor do premiê Boris Johnson. Quatro ainda estão no páreo, todos criticados por grupos de defesa da comunidade LGBTQ+ por atacar os direitos das pessoas trans com o intuito de angariar mais votos, assim como os demais já que foram limados da corrida.
Na última votação dos deputados da bancada conservadora, na segunda-feira (18), o ex-ministro da Economia Rishi Sunak se manteve o favorito para assumir a liderança do partido, seguido pela secretária de Comércio e ex-ministra da Defesa Penny Mordaunt, pela chanceler Liz Truss e pela ex-ministra júnior da Igualdade Kemi Badenoch.
O curioso é que três dos quatro candidatos ocuparam a pasta da Igualdade. Se eleitos primeiro-ministro do Reino Unido, já indicaram que se opõem a ampliar os direitos das pessoas trans.
Sunak ressaltou que elas devem ser respeitadas, mas considera a biologia importante e fundamental, por exemplo, no que se refere à inclusão de mulheres trans em modalidades esportivas, ou em relação aos banheiros unissex.
Mordaunt parecia a conservadora mais moderada sobre os direitos da comunidade LGBTQ+. Ex-ministra da Igualdade, supervisionou uma consulta pública sobre a Lei de Reconhecimento de Gênero com a crença de que “homens trans são homens e mulheres trans são mulheres”.
Mas bastou candidatar-se ao cargo e receber críticas das alas mais conservadoras para ela recuar e firmar sua posição, como ficou claro num longo tópico publicado em sua conta no Twitter com a pergunta “Eu sei o que é uma mulher?”.
“Sou biologicamente uma mulher. Se eu fizer uma histerectomia ou mastectomia, ainda sou uma mulher. E eu sou legalmente uma mulher. Algumas pessoas nascidas do sexo masculino e que passaram pelo processo de reconhecimento de gênero também são legalmente do sexo feminino. Isso NÃO significa que elas são mulheres biológicas, como eu”, esclareceu Mordaunt.
Quando comandou o Ministério da Igualdade, em 2020, a atual ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, que neste governo interino de Boris Johnson voltou a acumular a pasta, enterrou a reforma da Lei de Reconhecimento de Gênero. Entre outros benefícios, a mudança liberaria as pessoas trans da obrigatoriedade do diagnóstico de disforia para a mudança de gênero. Tampouco proibiu as terapias de conversão, como prometera.
Ministra júnior da Igualdade, a candidata Kemi Badenoch ficou no cargo até a demissão coletiva do gabinete de Boris Johnson, no início do mês, e seguiu a mesma linha. Segundo a Vice News, ela escreveu à Autoridade de Conduta Financeira do país pedindo que o órgão reavaliasse os planos para permitir que pessoas trans se identificassem em seus locais de trabalho, abandonando, assim, os planos de inclusão.
Na escolha do futuro primeiro-ministro, o tema não chega a mobilizar os britânicos como a inflação, por exemplo, que atingiu 9,1% em maio e é a maior em 40 anos, ou a alta de impostos. Mas põe em evidência a transfobia futuro governante do Reino Unido a partir de setembro.