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Reino Unido indica filho de paquistaneses como ministro em meio a polêmica


G1

Publicada em: 30/04/2018 09:38:02 - Atualizado

MUNDO- A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, nomeou nesta segunda-feira (30) Sajid Javid como novo ministro de Interior, após a renúncia de Amber Rudd, devido à polêmica sobre supostas "cotas anuais" para deportação de imigrantes ilegais.

Filho de um motorista de ônibus de origem paquistanesa, Javid será o primeiro membro de uma minoria étnica a ocupar a posição.

Até então, ele era ministro para o governo local, cargo que será ocupado agora pelo deputado conservador James Brokenshire, que até janeiro foi ministro para a Irlanda do Norte.

O novo responsável de Interior, de 48 anos e que entrou pela primeira vez no Parlamento em 2010, apoiou a permanência do Reino Unido na União Europeia no referendo de 23 de junho de 2016, no qual os britânicos votaram a favor da saída do bloco europeu.

Javid foi o responsável, no ano passado, pela resposta do Governo à tragédia do incêndio da torre residencial Grenfell, no oeste de Londres e no qual morreram 71 pessoas.

Polêmica e renúncia

Rudd, defensora de uma relação muito estreita com a União Europeia (UE), renunciou no domingo à noite depois de vários dias de controvérsia, após a imprensa publicar que ela tinha conhecimento da existência dessas cotas, apesar de ter negado o fato na semana passada para uma comissão do Parlamento britânico.

A imprensa tinha revelado que Rudd tinha traçado como meta aumentar a quantidade de expulsões forçadas em mais de 10% durante os próximos anos.

O jornal 'The Guardian' publicou uma carta de Rudd à primeira-ministra Theresa May no ano passado, na qual ela traçou o objetivo "ambicioso, mas passível de entrega" de aumentar a deportação forçada de imigrantes.

Mais cedo, o ex-vice-ministro de Rudd disse que chegou a discutir com ela tratativas para aumentar o número de deportações, mas ele lembrou que o aumento era uma ambição e não um alvo.

A controvérsia em torno de uma das aliadas mais próximas de May coincide com a Grã-Bretanha participando de negociações cruciais a respeito do futuro acordo comercial com a União Europeia e em meio à crescente tensão interna sobre a política do Brexit.

Nas últimas duas semanas, ministros britânicos tiveram dificuldade para explicar por que alguns descendentes da chamada geração "Windrush", pessoas oriundas de países caribenhos e convidadas a viver na Grã-Bretanha para cobrir a escassez de mão-de-obra entre 1948 e 1971, estão sendo privados de direitos básicos devido à dificuldade de documentação.

O escândalo ofuscou a cúpula da Commonwealth em Londres no início deste mês e levantou questões sobre a passagem de seis anos de May como ministra do Interior antes de se tornar primeira-ministra após o referendo Brexit de 2016.

O governo pediu desculpas pelo fiasco, prometeu cidadania e compensação aos afetados, inclusive às pessoas que perderam seus empregos, foram ameaçadas de deportação e tiveram benefícios negados por causa dos erros.

Mas mais de 200 parlamentares, principalmente da oposição, escreveram à primeira-ministra pedindo que as promessas sejam transformadas em lei "sem demora".


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