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Em meio a tensão com EUA, China aumenta orçamento e eleva ofensiva diplomática

Na terça-feira (7), o ministro das Relações Exteriores chinês, Qin Gang, afirmou que "a diplomacia da China


cnn

Publicada em: 08/03/2023 10:38:03 - Atualizado

MUNDO: Após três anos de isolamento amplamente autoimposto no cenário global, a China pretende aumentar sua ofensiva diplomática e recuperar o terreno perdido – ao mesmo tempo em que endurece sua posição pública em relação ao rival da superpotência, os Estados Unidos.

Qin Gang, o novo ministro das Relações Exteriores de Pequim, declarou na terça-feira (7) que “a diplomacia da China pressionou o ‘botão do acelerador’”, citando a recuperação do país da pandemia e a retomada das trocas internacionais.

É um salto drástico em relação à era Covid-zero, que viu as fronteiras da China praticamente fechadas: em 2020, o país reduziu seu orçamento diplomático em 11,8%, antes de um leve aumento de 2,4% em 2022.

O orçamento deste ano, estimado em 54,84 bilhões de yuans (cerca de R$ 41 bilhões), permanece abaixo do pico pré-pandêmico, mas especialistas dizem que representa um aumento significativo para a China retomar e expandir seu envolvimento diplomático com o mundo.

Em comparação, nos EUA, o orçamento solicitado para 2023 para “assuntos internacionais” listado no site do Departamento de Estado foi de US$ 67 bilhões (cerca de R$ 345 bilhões).

E o dinheiro será usado não apenas para custear viagens diplomáticas.

De acordo com o Ministério das Finanças da China, o termo abrangente “despesas diplomáticas” abrange uma ampla gama de áreas, desde orçamentos para o Ministério das Relações Exteriores, embaixadas e consulados chineses, até a participação da China em organizações internacionais, ajuda externa e propaganda externa.

Alfred Wu, professor associado da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Cingapura, observou que a China provavelmente aumentará seus gastos com esforços de propaganda direcionados ao público estrangeiro para atender aos interesses diplomáticos de Pequim – inclusive por meio de aplicativos de mídia social chineses.

“Por exemplo, eles tentam estender a influência em diferentes países, como Cingapura e Malásia, por meio do WeChat, visando aqueles que falam o idioma chinês”, disse Wu.

Os especialistas também questionam se parte do aumento se deve ao estresse da dívida e aos problemas de pagamento enfrentados pelos países sob a iniciativa de desenvolvimento internacional do líder chinês Xi Jinping, conhecida como Cinturão e Rota.

“Mesmo que o pagamento de juros e principal seja suspenso, ainda cria um grande buraco”, disse Yun Sun, diretor do Programa da China no think tank Stimson Center, com sede em Washington.

Este ano marca o 10º aniversário do Cinturão e Rota, e os líderes chineses provavelmente viajarão pelo mundo para falar sobre seus sucessos, disse Sun.

“Isso geralmente significa mais gastos diplomáticos, como ajuda e pacotes de presentes”, disse ela.

A China deve sediar o terceiro Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional este ano, após um longo atraso devido à pandemia. Também sediará a primeira cúpula presencial entre Xi e líderes de cinco países da Ásia Central.


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