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    porto velho, domingo 9 de março de 2025

Exercícios reduzem sintomas de ansiedade e depressão após o parto

Pesquisa aponta que 80 minutos semanais de atividade física moderada já ajudam a aliviar sintomas depressivos e ansiosos em mulheres que deram à luz há pouco tempo


Gabriela Cupanida Agência Einstein

Publicada em: 07/03/2025 18:00:45 - Atualizado


A prática de atividade física, mesmo em pouca quantidade, reduz a severidade dos sintomas de ansiedade e depressão em mulheres que acabaram de dar à luz, bem como o risco de depressão pós-parto. É o que revela uma revisão de estudos publicada no British Journal of Sports Medicine e liderada por cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá.

“A atividade física é uma das formas de tratamento não farmacológico com maiores níveis de evidência, sendo fortemente recomendada em quadros depressivos ou ansiosos leves, ou, ainda, associada ao tratamento farmacológico”, observa o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Após fazer uma revisão de 35 estudos em 14 países, totalizando 4.072 mulheres, os autores do estudo constataram que praticar exercícios por pelo menos quatro dias na semana, nos três primeiros meses após o parto, reduz o risco de depressão pós-parto em 45% em relação a quem não se exercita.

Ao considerar os sintomas depressivos e ansiosos nessas mulheres, os benefícios foram observados acumulando pelo menos 80 minutos semanais de uma atividade de intensidade moderada, como caminhada rápida, bicicleta, exercícios de resistência ou ioga – sendo que, quanto maior o volume, maior a redução na severidade dos sintomas. Isso, é claro, após a liberação do médico e fazendo os exercícios de forma adequada para não correr risco de lesões.

Segundo Kanomata, nessa fase as mulheres passam por diversos fatores que as deixam vulneráveis ao sofrimento mental: além da própria gestação e do trabalho de parto, há mudanças hormonais, a responsabilidade nos cuidados de um recém-nascido e noites maldormidas.

“Os benefícios colhidos não são somente pela atividade física em si, mas também por ser um momento reservado para a individualidade dessa mulher, além de socialização e circulação por diferentes ambientes”, diz o psiquiatra.

Depressão pós-parto x baby blues

Os desafios de cuidar de um bebê podem ser sentidos de diversas formas pelas mulheres. O chamado baby blues é um quadro de alterações emocionais leves que não é considerado necessariamente patológico, mas está relacionado a um conjunto de alterações hormonais, privação de sono e adaptação a esse novo papel. “É comum a mulher apresentar choro fácil, leve labilidade emocional [alterações rápidas de humor], ansiedade, irritabilidade, cansaço físico e/ou mental e sensação de sobrecarga”, pontua o especialista. Normalmente, o baby blues passa sozinho e em poucas semanas.

Já na depressão pós-parto, os sintomas tendem a ser mais intensos e persistentes, levando a sofrimento e prejuízos clinicamente significativos. “Nesta situação, é importante que ela procure ajuda especializada para confirmar o diagnóstico e considerar o tratamento farmacológico”, orienta Kanomata.

Alguns fatores podem aumentar o risco dessas condições, como parto complicado, alterações hormonais mais bruscas, estado de ansiedade, estresse e privação de sono.

No caso da depressão pós-parto, além desses eventos estressores, também podem estar envolvidos fatores genéticos, características de personalidade, eventos estressores passados que possam vir a interferir ao longo da vida, isolamento, falta de suporte social, histórico de transtornos mentais e violência ou abuso de substâncias.

Segundo a pesquisa canadense, estima-se que a depressão pós-parto atinja 19% das mulheres, mas acredita-se que seja uma condição muito subdiagnosticada.

Quando procurar ajuda?

Esses transtornos podem comprometer, além da saúde da mãe, o cuidado com a criança e a formação do vínculo com o bebê. Por isso, o ideal é buscar uma avaliação psicológica e/ou psiquiátrica quando a mulher apresenta:

persistência de um quadro de humor deprimido por mais de duas semanas;

forte sofrimento;

falta de energia e vontade;

pouco ou nenhum prazer e felicidade;

dificuldade ou dúvida de sua capacidade em cuidar do bebê;

pensamentos sobre machucar a si mesma ou ao bebê.


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